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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A verdadeira história de São Jorge





Hermes C. Fernandes

Em torno do século III D.C., quando Diocleciano era imperador de Roma, havia nos domínios do seu vasto Império um jovem soldado chamado Jorge de Anicii. Filho de pais cristãos, converteu-se a Cristo ainda na infância, quando passou a temer a Deus e a crer em Jesus como seu único e suficiente salvador pessoal. Nascido na antiga Capadócia, região que atualmente pertence à Turquia, Jorge mudou-se para a Palestina com sua mãe, após a morte de seu pai. Tendo ingressado para o serviço militar, distinguiu-se por sua inteligência, coragem, capacidade organizativa, força física e porte nobre. Foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade.

Tantas qualidades chamaram a atenção do próprio Imperador, que decidiu lhe conferir o título de Conde. Com a idade de 23 anos passou a residir na corte imperial em Roma, exercendo altas funções. Nessa mesma época, o Imperador Diocleciano traçou planos para exterminar os cristãos. No dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os os ídolos adorados nos templos pagãos eram falsos deuses. Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande coragem sua fé em Jesus Cristo como Senhor e salvador dos homens.

Indagado por um cônsul sobre a origem desta ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da VERDADE. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O QUE É A VERDADE?". Jorge respondeu: "A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e nEle confiado me pus no meio de vós para dar testemunho da Verdade." Como Jorge mantinha-se fiel a Jesus, o Imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o Imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Porém, este santo homem de DEUS jamais abriu mão de suas convicções e de seu amor ao SENHOR Jesus. Todas as vezes em que foi interrogado, sempre declarou-se servo do DEUS Vivo, mantendo seu firme posicionamento de somente a Ele temer e adorar.

Em seu coração, Jorge de Capadócia discernia claramente o própósito de tudo o que lhe ocorria: “... vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Isso vos acontecerá para que deis testemunho”. (Lucas 21.12:13 – Grifo nosso). A fé deste servo de DEUS era tamanha que muitas pessoas passaram a crer em Jesus e confessa-lo como SENHOR por intermédio da pregação do jovem soldado romano. Durante seu martírio, Jorge mostrou-se tão confiante em Cristo Jesus e na obra redentora da cruz, que a própria Imperatriz alcançou a Graça da salvação eterna, ao entregar sua vida ao SENHOR. Seu testemunho de fidelidade e amor a DEUS arrebatou uma geração de incrédulos e idólatras romanos.
Por fim, Diocleciano mandou degolar o jovem e fiel discípulo de Jesus, em 23 de abril de 303. Logo a devoção a “São” Jorge tornou-se popular. Celebrações e petições a imagens que o representavam se espalharam pelo Oriente e, depois das Cruzadas, tiveram grande entrada no Ocidente. Além disso, muitas lendas foram se somando a sua história, inclusive aquela que diz que ele enfrentou e amansou um dragão que atormentava uma cidade...

Em 494, a idolatria era tamanha que a Igreja Católica o canonizou, estabelecendo cultos e rituais a serem prestados em homenagem a sua memória. Assim, confirmou-se a adoração a Jorge, até hoje largamente difundida, inclusive em grandes centros urbanos, como a cidade do Rio de Janeiro, onde desde 2002 faz-se feriado municipal na data comemorativa de sua morte.

Jorge é cultuado através de imagens produzidas em esculturas, medalhas e cartazes, onde se vê um homem vestindo uma capa vermelha, montado sobre um cavalo branco, atacando um dragão com uma lança. E ironicamente, o que motivou o martírio deste homem foi justamente sua batalha contra a adoração a ídolos...

Apesar dos engano e da cegueria espiritual das gerações seguintes, o fato é que Jorge de Capadócia obteve um testemunho reto e santo, que causou impacto e ganhou muitas almas para o SENHOR. Por amor ao Evangelho, ele não se preocupou em preservar a sua própria vida; em seu íntimo, guardava a Palavra: “ ...Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte” (Filipenses 1.20). Deste modo, cumpriu integralmente o propósito eterno para o qual havia nascido: manifestou o caráter do SENHOR e atraiu homens e mulheres para Cristo, estendendo a salvação a muitos perdidos.

Se você é devoto deste celebrado mártir da fé cristã, faça como ele e atribua toda honra, glória e louvor exclusivamente a Jesus Cristo, por quem Jorge de Capadócia viveu e morreu. Para além das lendas que envolvem seu nome, o grande dragão combatido por ele foi a idolatria que infelizmente hoje impera em torno de seu nome.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012



A Pedra e o Anjo

Quero compartilhar com vocês uma pequena história que ouvi, pelos caminhos da vida. Não sei por que, mas senti uma vontade imensa de fazer isso agora. Coisas do coração.
Conta-se uma história interessante sobre Michelangelo. 
Dizem que o mestre do renascimento italiano andava pela cidade de Roma, seguido por alguns alunos. Ao passar por um escombro, parou e lhes disse: – Vejam! Ali se encontra um anjo! Os discípulos perplexos por nada verem, perguntaram ao mestre onde ele estava vendo o anjo. Michelangelo respondeu, dizendo: — Vejo-o aprisionado naquele pedaço de mármore jogado fora. Basta tirar da pedra o excesso que o anjo aparece.

Entusiasmados com a ideia, os discípulos o ajudaram a levar a pedra para o ateliê e o viram trabalhando intensamente por alguns dias. Ao final, lá estava o anjo. Se a história é verdadeira ou não, pouco importa. O que importa é a lição que ela nos traz – de fato a beleza se esconde. Para tê-la é necessário o exercício da arte, e arte é o que sustenta a educação, a pintura, a escultura, as relações pessoais; enfim, a vida. Transformar tudo em arte, esse é o grande projeto dos relacionamentos humanos.

Fazer da vida algo belo é o desafio maior. Criar a beleza é fruto da sabedoria. E viu Deus que isso era bom, já nos ensinam as Escrituras sobre o ato criador. Trazer a beleza para fora, expô-la, nos faz seres encantados. Transformar a vida em arte, no entanto, pressupõe habilidades que a história da Pedra e do Anjo parece nos revelar.

A primeira delas é ter uma mente restauradora. O pensamento que deve nutrir nossas relações, mesmo nos momentos difíceis, é que tudo pode ser reconstruído. Alimentar pensamentos assim nos torna artistas. Muito provavelmente Michelangelo nutria, todo o tempo, uma visão de mundo de que tudo pode ser construído, melhorado, embelezado –uma mente de artista.

Uma pedra jogada fora é algo mais que simplesmente uma pedra jogada fora. Michelangelo era um edificador, alguém capaz de ver anjo em pedra, capaz de tirar beleza de pedaços desprezados. Nem sempre temos a visão de que as coisas podem ser construídas, restauradas, edificadas. Pensamos ser mais fácil abandonar, jogar fora e comprar outro, novo. 

Um aluno difícil, estigmatizado por colegas e professores, torna-se uma pedra jogada fora. Um relacionamento caracterizado por amarguras torna os atores pedras desprezadas. Uma emoção mal conduzida inviabiliza várias oportunidades. Muitas vezes, diante de situações como essas, o que fazemos, no máximo, é colocá-las no escombro. É mais fácil abandonar algo que incomoda do que reconstruí-lo. Essa visão imediatista do mundo tira de nós a competência restauradora.

A segunda habilidade, ter visão de futuro. A incapacidade de ver o futuro torna nossas decisões expressões da ansiedade; faz de nossas opções um grandioso apelo ao aqui e agora; tira de nós a perspectiva do inefável. O anjo esculpido por Michelangelo preservou a pedra que estava no lixo.

A visão de futuro nos capacita a ter esperanças. Os olhos do futuro são menos imediatistas que os olhos do presente – nos fazem ver possibilidades que agora aparecem apenas como pedra tosca jogada no lixo. Ver o futuro é sonhar com a possibilidade. A própria natureza humana nos ensina isso. Quando vejo uma mulher grávida, sempre penso – ali vai um extraordinário grito da esperança. Engravidar é ter visão de futuro, é construir a esperança.

Pensar em nossos atos como construções de futuro imprime outro significado às coisas. Corrigir um filho orientar um aluno, fazer uma promessa, declarar um amor, plantar uma nogueira, são atos capazes de configurar diversos futuros, conforme a natureza de nossa visão ou de nossos sonhos. Pensar em nós mesmos como construtores de futuro é elevar a vida ao mais alto padrão estabelecido por Deus. É ser capaz de enxergar o que não se vê.

A terceira é a necessidade de conhecimento e estudo. Michelangelo estava preparado para esculpir, conhecia a técnica, exercitava-se nela. Quanto mais estudo, mais competência. A criação surge sempre de uma mente preparada.
As oportunidades pousam em mentes abertas. A ideia de que algo possa acontecer sem preparação é infantil e pouco prática. Na melhor das hipóteses, gera uma enorme frustração quando descobrimos que não percebemos as oportunidades porque não tínhamos distinções capazes de vê-las. Nos dias de hoje, a quantidade de informação disponível e a dinâmica das relações fazem com que as possibilidades estejam presentes a todo tempo.

Vê-las é um exercício da capacidade, da sensibilidade e de inspiração. No entanto, essas coisas não são fruto de processos misteriosos, são, isso sim, resultados de muita dedicação e aprendizagem. Existe por aí um universo a ser descoberto, muitos anjos a serem libertos, muitas pedras a esculpir. Mas, uma das coisas que se requer para tal façanha é estarmos preparados para enfrentar as pedras e transformá-las em arte. Isso é fruto de trabalho, conhecimento e técnica.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Medusa





As Medusas de Hoje!

Medusa, junto com suas irmãs, Stheno e Euryale eram filhas dos Titãs do mar, Porcys e Ceto. A Medusa Algol era a mais jovem, mais bonita e também a única mortal entre as três. Diziam terem sido extremamente sábias; todas elas serviram como sacerdotisas para Athena, a deusa virgem da sabedoria. Porém Poseidon, o deus do mar, teria seduzido Medusa no templo de Athena e elas teriam se tornado vingativas e rancorosas a respeito dos homens.

Athena transformou Medusa e suas irmãs em bestas horrorosas, com pele escamosa, asas e um cabelo formado por serpentes enroladas. Medusa era a única mortal. Todos aqueles que miravam em seus olhos, se tornavam petrificados. Medusa vivia em uma caverna e foi decapitada por Perseu.

Crisaor e Pegasus eram filhos da Medusa e nasceram quando a Medusa foi decapitada. Crisaor tem este nome porque já nasceu com uma espada de ouro. Unindo-se a Calírroe, nasceu o filho Gerião com três cabeças, que foi morto por Héracles. Também foi o pai de Equidna, o terrível monstro que era metade mulher, metade serpente. Pegasus era um cavalo alado que acompanhou Perseu e Belorofonte nas suas aventuras.
Medusa era trágica e solitária; petrificava com apenas um olhar. Tirava a vida com o movimento do olhar e também não podia ser vista de frente, pois causava ao aventureiro uma paralisação. O sangue que escorreu de Medusa foi recolhido por Perseu. Da veia esquerda saia um poderoso veneno; da veia direita um remédio capaz de ressuscitar os mortos. Ironicamente, Medusa trazia dentro de si o remédio da vida, mas não o sabia usar, sempre usou o veneno da morte.

Medusa é o símbolo da mulher rejeitada, e por isso, incapaz de amar e ser amada. Odeia os homens na figura do deus que a seduziu e a abandonou. Também odeia as mulheres por ter sido transformada de uma bela mulher a um terrível monstro. Sua condição de monstro é fruto da vingança; por culpa de um homem deus e uma deusa mulher. Medusa é a própria infelicidade e seus filhos não são humanos nem deuses.

As gorgonas são símbolos do inimigo a combater, as deformações monstruosas da psique, forças pervertidas das três pulsões do ser humano: a sociabilidade, a sexualidade e a espiritualidade. A dificuldade em perceber a própria imagem traz a dúvida que atormenta grande parte da humanidade: Quem sou eu? É a grande questão do ser humano que nunca se pergunta: O que eu não sou?

Incapazes de mostrar uma imagem positiva, as pessoas erram pela vida alinhando possibilidades para construir a sua própria monstruosidade. Assim como os filhos de Medusa, herdam da mãe a figura monstruosa, apesar de serem também filhos de um deus. Em Pegasus há os dois sentidos, a fonte e as asas, símbolo da inspiração poética que representa a fecundidade e a criatividade espiritual. Pegasus talvez represente o melhor lado da Medusa, que ficava escondido e não podia ser visto, pois ela representava a pulsão espiritual estagnada, e Pegasus, a espiritualidade em movimento.

Com uma autoimagem distorcida, algumas pessoas agem como filhos da Medusa, não conseguem ver a si mesmos como são, e sempre se imaginam bem piores do que poderiam ser. Alguns autores falam que a autoimagem origina-se no olhar que um filho recebe da mãe. A forma como a criança é olhada e vista, o que ela percebe de rejeição ou aprovação é captado no olhar da mãe. São como os tristes filhos de Medusa que não podem vê-la e também não podem ser vistos por ela. É a mãe que não dá carinho ao filho e seu olhar os paralisa.

Medusa incorpora a personalidade de estrutura depressiva, ela não gera filhos felizes, apenas trágicos. Medusa não olha, não acaricia, não orienta; paralisa. Não é por acaso que o sentimento da depressão é a inércia, a perda da vitalidade. Como se tivessem transformados em pedra pelo olhar da mãe, os que se sentem filhos da Medusa, erram pela vida sem espelhos que traduzam a sua real imagem. São pessoas desprovidas de afeto com uma enorme necessidade de carinho, que no entanto não suportam proximidade, uma vez que não confiam em ninguém, pois não acreditam que podem ser amados e sentem-se como monstros. Falam de mães ocupadas, mães vaidosas e ressentidas da perda da beleza devido à gestação. São monstros cuja criatividade precisa ser libertada e precisam encontrar um espelho que lhes diga quem são, ou pelo menos quem não podem ser.

Da morte da Medusa resulta a vida e Pegasus ganha os céus, liberto, simbolizando a vitória da inteligência, a sua união com a espiritualidade, a sensibilidade que sempre existiu naquele que se julgava o monstro. Assim como Pegasus, quando a pessoa não se aferra ao seu aspecto de humano comum, em revoltas descabidas e em vinganças inúteis, poderá compreender a sua tragédia e perdoá-la. Na condição de Pegasus, será fonte de todas as belezas, da mais pura elevação, da criatividade e da fidelidade. Não é por acaso que Pegasus simboliza a poesia.

Porém, se incorporar o lado animalesco, errará pela vida sem pertencer a ninguém. Será o homem de muitas mulheres, mas sem nenhuma, incapaz de amar. Petrificado pelo olhar da mãe será inerte, desenvolvendo sintomas de doenças paralisantes com fantasias de autopunição. E se tornará trágico e sem alegria, ou tentará superar sua dor através do poder e do dinheiro. No entanto, quando consegue, tem tudo e ao mesmo tempo sente-se um nada. Não pode ter uma mulher amorosa porque guarda a imagem da mulher num monstro que petrifica, e quando a encontra não confia nela e aborta a possibilidade de obter o amor que poderia revitalizá-lo.

A mulher que se vê como filha da Medusa mostra a impossibilidade de ser amada. Mesmo sendo bela, será uma trágica figura condenada a ser uma eterna criança presa às entranhas da mãe ou torna-se também uma mãe monstro. A mãe lhe transmite o que sente pelos homens, violação e abandono, e assim essa mulher percebe que o homem em sua vida pode ser tratado como um brinquedo ou como fonte de sofrimento. E muitas vezes ela se une a homens cruéis que irão justificar a ideia da mãe: a impossibilidade de ser feliz com os homens. E quando encontra um verdadeiro amor, destrói o amor juntamente com o homem amado.

Mulheres de amores infelizes herdam da Medusa o olhar terrível. E das uniões infelizes geram filhos infelizes que carregam presos a si mesmas não por amor, mas pelo terror que podem gerar. São as novas Medusas que se conseguirem ver-se num espelho, podem se tornar deusas gerando filhos como Pegasus. De outro modo, irão gerar filhos que não podem amar ou que lhe servirá de brinquedo para suas brincadeiras cruéis de paralisar e aterrorizar pessoas. Como no mito, a mulher se torna um monstro pelo descuido de um deus homem e pela crueldade de uma deusa mulher.··.

terça-feira, 2 de outubro de 2012





O BRASIL DA COPA, DO COPO E DA MESMA COISA!...

O Brasil rico é uma tristeza. Sim, porque um Brasil pobre  era até justificável em suas burrices e procrastinações. Em tal caso, até a corrupção era menos agressiva, visto poder ser encarada como ato de desespero de oportunistas ou emergentes ao poder. Porém, o Brasil das estatísticas econômicas globais é um acinte ao que se tem e pode e não se faz.

Então se diz: “Mas é que ainda é cedo para aparecer o resultado!”

Todavia, o resultado em gastos de turistas no exterior, do consumo interno e externo, do aumento da corrupção, e o do espirito “emergente” foi instantâneo...

É o mesmo Brasil que temos; só que com a ufania de ter dinheiro no cofre e pra gastar. E gastar mal; ou ainda: gastar pior do que se poderia imaginar.

São ações de grandeza de um ex-mendigo que ganhou na Loteria. São gastos perdulários e sem critério. São bilhões para a Copa e as Olimpíadas enquanto as obras de infraestrutura arrastam-se na burocracia e na mesmice dos vícios dos oportunismos da corrupção. Essa já é uma Copa perdida antes do time entrar em campo...

Essa Copa foi perdida em Friburgo, em Angra, na Região Serrana do Rio, em Minas Gerais, e no Nordeste; para onde o dinheiro enviado tanto é pouco como não aparece jamais nas obras de reconstrução patrocinadas pelas tragédias naturais.

Essa Copa foi perdida na Saúde vergonhosa, no sistema escolar pobre e desassistido, nas estradas pavorosas de tanto perigo, nas obras abandonadas, nos desvios bilionários, no Congresso ainda bandido, no Judiciário vaidoso e fisiológico quanto a sua própria corrupção, no jogo de equilíbrio politico despudorado nos seus conchavos, nos bolsões de miséria nunca esvaziados, na negligencia ao meio-ambiente, nos Lobbies poderosos e desavergonhados, na imutabilidade do sistema; para o qual se pede tempo, pois se diz que ainda é cedo pra mudar.

Este Brasil é como essa Copa!

O Brasil Copa é o Brasil que somos!

Sim, do mesmo modo que a Copa já perdida antes de começar, está o Brasil, perdido pelo sistema de Segurança e pelas Policias, tanto mal pagas como também humanamente desqualificadas.

Não foi o Brasil que mudou; foi o mundo que piorou tanto em relação ao que era, que nós aparecemos na oportunidade aleatória deste novo tempo.

Nosso sucesso foi a desgraça dos outros!

O Brasil, no entanto, é um emergente com todos os surtos de um emergente. É falastrão, é esbanjador, é escandaloso, é devotado às demonstrações tópicas de prosperidade, é um playboy da periferia...

Os bens de consumo estão presentes em casas caindo sobre esgotos entupidos; os carros lotam as cidades inundadas; o dinheiro sobeja em um comercio a cada dia mais assaltado pela insegurança publica; posto que a cultura da pobreza não tenha sido mexida pela educação e pelo exemplo dos governantes.

Sim, estamos assistindo a riqueza da gambiarra...

Por enquanto o que se tem é o Brasil dos jeitinhos com dinheiro no bolso, mas sempre magico nas suas expectativas de prosperidade e sucesso.

Desse modo, o que preocupa é essa riqueza sem caráter na sua gestão, e sem a devida seriedade na sua aplicação.

O Brasil não mudou, pois, caso tivesse mudado, não seria difícil definir coisas básicas como a Lei da Ficha limpa. Ora, este é um dos sinais de que a Economia mudou, mas que o Brasil não mudou; posto que se tenha ainda enorme conflito quanto a definir qual seja o caráter dos que possam exercer o poder.

São os mesmos nomes, os mesmo agentes políticos e os mesmos vícios; a diferença é que os viciados receberam uma herança inesperada; uma dádiva da natureza em tempos de empobrecimento global.

A riqueza do Brasil é a tragédia Global!

Assim, o Brasil não está melhor; os Estados Unidos é que pioraram; a Europa é que piorou; o mundo é que se desgraçou; enquanto a sorte nos alcançou com uma herança natural e com circunstâncias por hora favoráveis. Mas se o caráter da autoimagem do Brasil não mudar, seremos ricos na favela, endinheirados da pocilga, abastados nas rodinhas dos bares erguidos sobre os esgotos mal cheirosos de sempre.

Ora, se até para fazermos bem as coisas visíveis e de repercussão mundial que assumimo, como a Copa do Lula e do Sergio Cabral  nós andamos com a lerdeza e os vícios de sempre, maltratando a inteligência de quem vê pela demonstração de que afora os atrasos de tudo, a infraestrutura de Aeroportos, transportes públicos e outros serviços essenciais ao Show não são feitos com seriedade, que pensar das demais coisas, sem tanta visibilidade?

Assim, pergunto: Brasil rico, para quem?

O Brasil será um país rico quando todos esses números se expressarem em qualidade de vida, de saúde, de educação, de segurança publica, de qualificação do Congresso e do Judiciário; e, em tempos como estes, em politicas de meio-ambiente que reflitam a seriedade do caráter nacional. Enquanto isto somos apenas os novos ganhadores da Mega Sena Global.