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terça-feira, 25 de outubro de 2016

Quando a noite termina?
Rabi Pinchas perguntou aos seus discípulos como é que se reconhece o momento em que acaba a noite e começa o dia.
“É o momento em que há luz suficiente para distinguir um cão de um carneiro?”, perguntou um dos discípulos.
“Não”, respondeu o rabi.
“É o momento em que conseguimos distinguir uma tamareira de uma figueira?”, perguntou o segundo.
“Não, também não é esse o momento”, replicou o rabi.
“Então é quando chega a manhã?”, perguntaram os discípulos.
“Também não. É no momento em que olhamos para o rosto de qualquer pessoa e a reconhecemos como nosso irmão ou nossa irmã”, replicou o rabi Pinchas.
E concluiu:
“Enquanto não o conseguirmos, continua sendo noite”.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Decepcionado com Deus 2


A desilusão com Deus nem sempre surge de uma forma tão marcante. Para mim, ele também aparece inesperada­mente nos detalhes corriqueiros da vida diária.
 
Descobri que pequenos desapontamentos tendem a se acumular com o passar do tempo. Começo a imaginar se Deus de fato se importa com os detalhes da minha vida, ou se ele se importa comigo.

Sou tentado a orar com menos freqüência, tendo chegado antecipadamente à conclusão de que não vai adiantar. Ou vai? Minhas emoções e minha fé oscilam.


Quan­do essas dúvidas se instalam, estou ainda menos preparado pa­ra épocas de grandes crises. Uma vizinha está morrendo de cân­cer; oro diligentemente por ela. Mas, mesmo enquanto oro, fico pensando: Pode-se confiar em Deus? Se tantas orações pequenas ficam sem resposta, que dizer das grandes?

As lutas diárias da vida parecem bem distantes das frases otimistas e triunfalistas sobre o amor e o interesse pessoal de Deus que ouço às vezes em igrejas evangélicas. Até mesmo a Bíblia parece confundir: contém tantas tragédias quantos triunfos. O que podemos esperar de Deus afinal?

Certa manhã, liguei a televisão, e  ouvi um tele-evangelista dizer: "Estou com raiva de Deus", disse com um olhar furioso. Parecia uma confissão surpreendente da parte de um homem que havia feito carreira em cima da idéia de "fé do ta­manho da semente de mostarda". Durante anos tinha prega­do que Deus intervém diretamente em favor de seus seguidores.

Mas, disse ele, Deus o tinha decepcionado, e ele passou a ex­plicar. Deus lhe dera ordens para que edificasse um grande ministério e, no entanto, o projeto se revelou um desastre fi­nanceiro. Agora ele era obrigado a vender propriedades a preço baixo e a reduzir programas. Ele tinha feito sua parte do acordo, mas Deus não tinha.

Algumas semanas depois vi novamente o evangelista na televisão. Dessa vez ele estava transpirando fé e confiança. In­clinou-se em direção à câmera, o rosto enrugado se abrindo num amplo sorriso, e apontou o dedo para um milhão de espectadores. Algo bom vai acontecer com você nesta semana! — disse, esticando ao máximo a palavra "bom". Era como um bom vendedor, profundamente convincente. Alguns dias de­pois, contudo, ouvi pelo noticiário que seu filho havia se suici­dado. Não pude deixar de imaginar o que o evangelista disse para Deus naquela semana fatídica.

Aconteceu com pessoas como o tele-evangelista,  e acontece com cris­tãos comuns. Primeiro surge o desapontamento, então uma se­mente de dúvida, depois uma reação confusa de ira ou de sen­sação de ser traído. Começamos a questionar se Deus é digno de confiança, se de fato podemos confiar a ele as nossas vidas.

Sei que alguns cristãos rejeitariam sem mais nem menos a expressão "decepção com Deus". Tal idéia é inteiramente errada, dizem. Jesus prometeu que a fé do tamanho de uma semente de mostarda é capaz de transportar montanhas, que qualquer coisa pode acontecer se dois ou três se reunirem pa­ra orar. A vida cristã é uma vida de vitória e triunfo. Deus quer que sejamos felizes e prósperos e que tenhamos saúde; qualquer outra condição revela uma falta de fé.

O divorcio dos Pais de Richard

  Fiz tudo o que podia para evitar o divórcio — disse. — Eu tinha acabado de me tornar um cristão na universidade, e fui tolo bastante para crer que Deus se importava. Eu ora­va sem parar de dia e de noite para que eles se reconciliassem. Cheguei até mesmo a deixar a escola por um tempo e fui pa­ra casa para tentar salvar a minha família. Pensei que estava fazendo a vontade de Deus, mas acho que tornei as coisas pio­res. Foi minha primeira experiência amarga de oração sem res­posta.

O fim do noivado e a frustação por não conseguir emprego

Em seguida me falou de uma oportunidade de emprego que não deu certo. O empregador deu para trás e contratou alguém com menos qualificações, deixando Richard com dívi­das na escola e sem qualquer fonte de renda. Mais ou menos na mesma época, a noiva de Richard o largou. Sem qualquer aviso ela cortou o relacionamento, recusando-se a dar qual­quer explicação para sua repentina mudança afetiva. Sharon, a noiva, havia tido um papel fundamental no crescimento espi­ritual de Richard, e, quando ela o deixou, ele sentiu parte de sua fé também escapar de suas mãos. Eles freqüentemente ha­viam orado juntos acerca do futuro deles; agora essas orações pareciam piadas de mau gosto.

Dolorosas feridas de rejeição, sofridas quando seus pais se separaram, pareciam reabrir. Deus estava dando o fora ne­le assim como Sharon tinha feito? Ele visitou um pastor em busca de conselho. Disse que sentia-se como uma pessoa se afo­gando. Queria confiar em Deus, mas, sempre que estendia a mão para cima, apanhava um punhado de ar vazio. Por que devia continuar crendo num Deus que aparentemente não se interessava em seu bem-estar?

 

AS PERGUNTAS QUE NINGUÉM FAZ EM VOZ ALTA


1.  Deus é injusto? Richard havia tentado seguir a Deus, mas ainda assim sua vida se destroçou. Como seus desaponta­mentos se reconciliavam com as promessas bíblicas de recom­pensas e felicidade? E que dizer das pessoas que negam aberta­mente a Deus, mas assim mesmo prosperam? É uma velha quei­xa, tão velha quanto Jó e os Salmos, mas continua sendo uma pedra de tropeço para a fé.

2.  Deus está calado? Três vezes em que se defrontou com escolhas cruciais em sua vida educacional, profissional e afeti­va, Richard implorou a Deus que lhe desse orientação clara. Em cada uma dessas vezes imaginou que tinha percebido a von­tade de Deus, para no final descobrir que aquela escolha tinha conduzido ao fracasso. "Que tipo de Pai é ele?" Richard inda­gou. "Ele tem satisfação em me ver dando com a cara no chão? Disseram-me que Deus me ama e tem um plano maravi­lhoso para minha vida. Ótimo. Então por que ele não me con­ta que plano é esse?"

3.  Deus está escondido? Acima de todas, essa pergunta obcecava Richard. Para ele parecia que um mínimo irredutí­vel, uma questão fundamental da teologia, era que Deus devia de algum modo provar sua própria existência: "Como posso manter um relacionamento com uma Pessoa que nem mesmo sei se existe?" No entanto, para Richard parecia que Deus ha­via-se escondido de propósito, até daqueles que o procuravam. E, naquela madrugada dramática, quando a vigília de Richard não obteve resposta, ele simplesmente não quis mais saber de Deus.

Em momentos de crise esperamos uma ação sobrenatural de Deus, todavia nos surpreendermos quando ouvimos uma voz doce e suave nos chamando para sair da caverna.

O fato é que não estamos acostumados a parar, para ouvir o que Deus tem a nos dizer, e por isso não ouvimos a sua voz.  Lembro-me de um amigo que estava com o casamento marcado, todos os moveis comprados, já havia recebido vários presentes, entretanto Deus falou que não era para ele se casar com aquela moça.

O jovem Jó terminou o noivado, e devolveu todos os presentes que tinha ganhado, a família da noiva se revoltou contra ele, pois não havia motivo aparentes para o rompimento do noivado faltando apenas 15 dias para o casamento.  Contudo o que ninguém sabia é que a jovem tinha um caso com o seu ex-namorado que estava preso, o visitando frequentemente na cadeia.  A grande causa das nossas decepções com Deus ocorre por que não somos obedientes quando ouvimos sua voz.   

Mas,  quando a pessoa é  obediente, e Deus não responde a sua oração?

Existem perguntas que não precisam de respostas, pois Deus é tão sábio que até no silêncio Ele nos ensina.  Entretanto as pessoas querem que suas orações sejam respondidas na mesma rápidez que um fast-food é feito. As nossas expectativas estão fundamentadas na religiosidade e não em um relacionamento sincero e profundo com Deus.

Jesus o Deus-encarnado é o modelo fiel do Pai, e quando as pessoas queriam que ele realizasse algum milagre, ele não fazia, enquanto as pessoas matavam para ter fama Jesus queria se esconder atrás do anonimato.

Portanto entendo o sentimento de frustação quando uma oração não é respondida, mas será que o pedido está de acordo com a vontade de Deus ?

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

PAULO: O PERDÃO LIBERTA




PAULO: O PERDÃO LIBERTA

De: Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo, e o irmão Timóteo.


Para: Filemom, nosso amado e cooperador e também à nossa amada Áfia, e a Arquipo, nosso camarada, e à igreja que está em tua casa: Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.


Querido Filemom, dou sempre graças ao meu Deus, lembrando-me sempre de ti nas minhas orações.
Minha gratidão a Deus por tua vida aumenta sempre que ouço do teu amor e da fé que tens para com o Senhor Jesus Cristo, e para com todos os filhos de Deus.
Assim, Filemom, minha oração a Deus é para que a vivência da tua fé expresse eficazmente o conhecimento de todo o bem que há em Cristo Jesus em nosso favor.
Minha alegria cresce em gozo e consolação quando sei do teu amor pelos irmãos, porque por ti, querido Filemom, a afetividade de muitos têm sido refeita.
Ora, mesmo sabendo quem sou para ti, quem és para mim e para os irmãos, e, sobretudo, sabendo de teu amor verdadeiro para com o Evangelho—ainda que eu tenha em Cristo grande confiança para te mandar o que te convém—todavia, preferi fazer-te um pedido de amor.
Sim! Peço apenas por amor, e não fundado em minha autoridade pessoal, mesmo que eu seja quem sou: Paulo, o velho batalhador do Evangelho, e também agora até prisioneiro por amor a Jesus Cristo.
Sim, meu amado irmão, peço-te em favor de meu filho Onésimo, que gerei nas minhas prisões.
Ele nasceu no cárcere que hoje me prende, mas que não prende a Palavra de Deus.
Tenho consciência do que aconteceu entre vós.
Sei também que noutro tempo Onésimo te foi inútil—aliás, negando o significado de seu próprio nome, que significa “útil”—, mas agora ele aprendeu a fazer jus ao próprio nome, e tornou-se útil a mim e poderá ser muito útil a ti também.
Informo-te que o estou enviando de volta a tua casa. Peço que o recebas como se nele estivessem as minhas próprias vísceras. Recebe-o como se fosse a mim que acolhesses.
E assim faço, não porque eu não precise dele. Ao contrário, eu bem quisera conservá-lo comigo, para que em teu lugar me servisse nas minhas prisões por causa do evangelho.
Eu, todavia, nada quis fazer sem o teu consentimento, para que o teu gesto seja espontâneo e não o fruto do constrangimento e nem seja realizado com parcimônia.
Tu sabes que tais coisas tornam-se benefícios espirituais apenas quando o coração é voluntário no que faz.
Minha convicção é que o que aconteceu entre ti e ele carrega um desígnio maior. De fato, creio que bem pode ser que ele tenha sido separado de ti por algum tempo a fim de que o tivesses para sempre.
Agora, obviamente, já não já como escravo, conforme as leis romanas, mas como alguém que é muito mais que servo. Envio Onésimo a ti como irmão amado, particularmente de mim, e com muito maior razão de ti—pois, não há mais nenhuma discriminação, seja na carne...seja no SENHOR!
Assim, meu querido irmão, se me tens por companheiro, recebe-o como se fosse a mim mesmo.
E, se te causou algum dano, ou se te deve alguma coisa, põe isso tudo em minha conta.
E lembra-te de quem está te solicitando tudo isto.
Sim! Eu, Paulo, de minha própria mão o escrevi.
Eu pagarei tudo!
Isto para não te lembrar que no Evangelho tu deves a tua vida a mim.
Sei que posso te dizer tais coisas, pois tens a mente de Cristo.
Sei também que muito me regozijarei de ti no Senhor pelo entendimento que tens em Cristo acerca do que te solicito. Assim, pois, recreia as entranhas do meu ser com teu amor e com o teu afeto, fazendo-me este bem no Senhor.
Escrevi tudo isto confiado na maturidade de tua consciência, pois tua obediência ao Evangelho fará com que faças ainda mais do que estou pedindo.
Peço-te também que me prepares pousada, porque espero que pelas vossas orações eu hei de ser entregue aos cuidados do vosso amor para comigo.
Saudações de Epafras, meu companheiro de prisão por Cristo Jesus. Também Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores, te mandam abraços fraternos.
A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito.

segunda-feira, 4 de abril de 2016





O viajante

O grande desafio da humanidade na atualidade está no campo das relações humanas, uma vez que não se encontra sabor em relações desinteressadas. A suposta amizade vive de expectativas. O que o outro pode me proporcionar? Que ganho haverei de ter ao ir a tal evento? Quem é fulano? O que ele faz? É filho de quem?
A cada dia as pessoas estão mais distantes do outro, e por isso as relações são inconsistentes.
Infelizmente descartar uma pessoa é mais fácil do que se desfazer de um objeto de estimação. Falta estima pelo ser humano.

A falta de afetividade relacional é um problema antigo, que foi descrito por Jesus na história do Bom Samaritano. Nessa história ocorrem encontros humanos de dor, de lágrimas, de abandono de acolhimento de cuidado e de amor. O viajante era um adorador que tinha saído de Jerusalém e retornava para sua terra natal Jerico só que no meio do caminho foi interceptado por assaltantes.
O primeiro encontro humano descrito por Jesus é de dor, de sofrimento de lágrimas. Todos nós em algum momento da nossa jornada iremos ter encontros humanos de dor, de lágrimas, de decepção. O assaltante é aquele que causa sofrimento, que rouba a alegria, que causa dor.
O prazer do assaltante é deixar você caído, sem esperança é ver você humilhado.

O segundo encontro poderia ter sido um encontro com a vida, todavia tornou-se um encontro de decepção. Isto porque o compromisso do sacerdote e do levita era com a religiosidade, com o status social, com as tradições e ritos, contudo eles não tinham compromisso com o amor.
O mal disfarçado de bem, a religiosidade disfarçada de piedade, estes homens tinham o dever moral de ajudar o viajante.

O viajante abandonado pela religião foi encontrado pelo amor, pela graça de um cidadão marginalizado pelos seus pares. O samaritano é um homem comum sem status social, sem pedigree religioso. Um homem disposto a ajudar seu próximo, um homem com o amor de Cristo em seu coração.

Samaritano e viajante celebraram a vida, a generosidade, a compaixão, o amor.

domingo, 27 de março de 2016

ABRINDO O CORAÇÃO DO LIVRO DE JÓ


O livro de Jó sempre me encantou. Nele até as heresias soam verdadeiras. Ele é poético, daí o problema, pois, a poesia sempre traz consigo o poder de convencer, ou, pelo menos, de nos fazer respeitar mesmo que seja a verdade besuntada de mentira.

Esta pode ser uma das razões do Livro de Jó ser tão mal percebido. Ele é tão poético que em suas falas entremeiam-se verdades e mentiras, numa oscilação que vai da mentira-mentira à mentira-verdade e da verdade-mentira à verdade-verdade, o que confunde a percepção objetiva.

E não seria isto parte da risada de Deus sobre a nossa presunção?

A fim de dar a você algumas simples “entradas” ao texto, quero que você preste atenção, nas quatro diferenciações que vêm a seguir:

1. A mentira-mentira é o engano em si, só sendo aproximadamente projetável em plenitude-simbólica na figura de Satanás. A verdade é, todavia, que nem Satanás conhece totalmente o próprio engano, pois, até mesmo para se ser o Enganador é preciso que tenha havido nesse ser um mínimo de autoengano inicial, e que veio, posteriormente, a tornar-se engano consciente e assumido como finalidade dessa malévola existência pessoal. A verdade sobre a mentira é a seguinte: somente Deus conhece o que é o engano! Nenhuma de Suas criaturas chegou até ao abismo do Abismo. Há um limite para as criaturas até no Abismo. E o limite do Abismo é o abismo do Mistério de Deus, que nenhuma de Suas criaturas jamais conheceu ou conhecerá em plenitude. Conhecer a Deus é o orgasmo infinito do ser!

2. A mentira-verdade é a mentira maquiada de realidades da vida aplicadas fora do contexto, o que acontece todos os dias nas mínimas coisas do nosso cotidiano, e, aparece, insistentemente, de vez em quando, até mesmo no modo como nos defendemos, escudando-nos à sombra de correções exteriores que encobrem nossas verdades negativas. Então adoecemos na alma, pois, quanto mais moralmente cristão é o consciente humano, mais tragicamente pagão, torna-se o seu inconsciente.

3. A verdade-mentira é a manipulação da verdade. Todo uso da verdade a corrompe, tira dela a verdade-de-ser, pois, ela já vem carregada com as finalidades e utilidades que a ela atribuímos, de acordo com a conveniência do momento. É a verdade para o consumo, é produto da arte de falar de Deus e da vida no palco das falsas impressões.

4. A verdade-verdade é aquela que só é possível se a procedência for à boca de Deus. Somente Deus conhece a verdade-verdade. É por isso que joio e trigo crescem juntos na Terra e não nos é possível distinguir um do outro com certeza. E toda tentativa de o fazer é mais danosa (joio é erva daninha), que existência do joio em si mesmo.

Há apenas uma coisa que os diferencia na Terra: o amor. Por esta razão, é muito mais provável que o joio é que tente arrancar o trigo do campo, que o trigo arrancar o joio de seu território. O trigo alimenta e traz vida. O joio se esconde e se aproveita dele, mas nunca perde uma oportunidade de se fazer passar por ele, e, eliminá-lo é sua melhor chance!

A questão é: o joio sabe que é joio? E o trigo sabe que é trigo? Quem o confessaria? Quem teria em si a verdade-verdade a ponto de enfrentar todos os enganos para se ver? Quem teria essa coragem? Certamente quem a possuísse não seria jamais um “joio-pleno”, pois “aquele que julga a si mesmo, não é julgado”.

O trigo sabe que é trigo? Mas se o sabe, não o alardeia com certeza que acuse a existência personificada do joio num outro ser humano. Antes, ao “cair na terra, morre; e dá muito fruto”. O joio não muda o curso da natureza do trigo, pois, o trigo só sabe ser trigo!

O poder do trigo é o fruto que dá e que se faz vida em si e em outros!
E por que introduzo esse meu livro sobre Jó falando acerca de tais subjetividades?

É que o livro de Jó é exatamente o retrato de todas essas quatro diferenciações. Ora, são essas diferenciações que podem descatastrofizar as nossas existências, sem que apelemos para as interpretações morais que excluem a história humana da Graça, e, pior: excluem a Graça de toda a história dos humanos!

Essa des-gracificação da Vida nos torna tão pagãos quanto todos os que tentam explicar o mal que acomete ao próximo sempre como paga pelo pecado.

Os cristãos ainda não se deram conta de que sua “teologia” da Graça não coincide com suas interpretações cotidianas do sofrimento humano e, muito menos, não retrata com realismo os fatos da vida. E assim, sem o saberem, tornam-se parte do fluxo religioso universal - a Teologia da Terra—, que entende a questão da dor e de tudo o que seja inexplicável, a partir de um encontro de contas exatas entre Deus e o homem, anulando, assim, a Graça.

Na Graça o “encontro de contas” acontece, mas quem paga a diferença contra o homem é Aquele que disse: “Está consumado!”

O problema é que aquelas quatro diferenciações não são formuláveis como categorias morais ou históricas visíveis.

Elas são valores e essências e só começam a ser por nós discernidos quando nossas existências chegam a conscientemente lidar com a Indisponibilidade de Deus na hora da perplexidade, e, sobretudo, com as interpretações que daí procedem.

Quando esse dia chega, só chega para nós! Ele é incompartilhável. Mesmo os “melhores amigos” correm o risco de pecar ao tentarem “entender esse dia” em nosso lugar.

O dia da perplexidade é sempre solitário. E nele todo gemido é verdade e toda verdade é gemido perplexo!

Uma vez dito isto, peço que você observe cada um desses quatro elementos na leitura do Livro de Jó, a saber: mentira-mentira; mentira-verdade; verdade-mentira; e verdade-verdade.

E mais: quero que você leia o texto de Jó transcrito da Bíblia e que é parte integral deste livro. Há pessoas que assumem que já conhecem o texto bíblico, e, portanto, não o lêem; perdendo, assim, a melhor chance que a leitura propicia, pois, chega carregada da iluminação que vem diretamente da meditação na Palavra de Deus.

Meditação, oração e submissão à revelação do Espírito Santo são os agentes que transformam a Bíblia Sagrada em Palavra de Deus em nossos corações!

Após cada bloco de leitura de Jó você achará um comentário meu. Leia-o com atenção. No rodapé de cada página você encontrará notas de esclarecimentos e outras referências bíblicas que o auxiliarão na melhor compreensão do que você lê. E, por último, trarei as minhas conclusões sobre a mensagem do livro como um todo.

Se você optar por ler apenas o texto maior e deixar de lado as demais contribuições que o livro dá a você, temo que você não entenda tudo o que lhe está sendo disponibilizado. É necessário, sobretudo, que você tenha paciência e leia tudo, conferindo, na sua Bíblia, a pertinência ou não do que aqui digo.

Caso você pare de ler o livro, ou caso você só leia o que nele lhe parecer mais fácil, não faça, por favor, comentários a respeito dele. Não poderei ter respeito por quem não conferir coisa com coisa antes de fazer seu próprio julgamento. E, assim dizendo, estou estimulando você a achar nele qualquer coisa que não seja completamente bíblica e coerente com a “tese cristã”.

Ou seja, eis aqui a confissão de fé que faço neste livro:

A Graça é dom de Deus, apropriado pela fé, que também é Graça , pois, é também dom de Deus; a qual se origina do trabalho do Espírito Santo na consciência-coração humano, pela revelação da Verdade , que é Cristo Jesus; o qual é o Princípio e o Fim—Alfa e Ômega—de toda relação de Deus com a criação e todas as criaturas, visto que Ele se-fez-foi-feito-em-si-mesmo o Cordeiro imolado antecipadamente pela culpa da criatura e de toda criação, antes da fundação do mundo; sendo que, entre os homens, Sua manifestação histórica se realizou na Sua encarnação, morte, ressurreição e ascensão acima de todas as coisas; e, foi Ele, o Cordeiro de Deus, quem estabeleceu que por Sua Graça se pode ter Vida; e, isto, não é tão somente algo que se manifesta dos céus para a terra, mas também entre os humanos na forma de duas tomadas de consciência: a primeira é que quem recebeu Graça não nega Graça, pois, quem foi perdoado tem que perdoar ; e, em segundo lugar, mediante a cessação dos julgamentos entre os homens, visto que, quem foi absolvido pela Graça de Cristo já não se oferece para ser juiz do próximo; antes pelo contrário, tal percepção induz a caminhar na prática das obras preparadas de antemão para que andássemos nelas, sendo sua maior expressão o amor com que devemos nos amar uns aos outros; e, sendo assim, para tais pessoas, guiadas pelo Espírito da Graça, a germinação de seus corações na fé em Jesus, gera o fruto do Espírito que torna toda Lei obsoleta e desnecessária para a consciência que recebeu a revelação do Evangelho. O resto é invenção humana para diminuir a Loucura da Cruz e o Escândalo da Graça.

Sabendo disto, então, faça o seguinte agora:

Ore e peça ao Espírito Santo que o ilumine e o esclareça! Faça-o com a certeza de que ao final sua mente estará vendo a sua própria dor de outra forma e a de seu próximo com reverência e silêncio solidário. E, então, seu coração vai se encher de amor e vida, o que libertará você de todo medo de ser e o fortalecerá para o prosseguimento da jornada que só cessa quando conquistarmos aquilo para o que fomos conquistados.

Quem assim faz não será condenado quando a Voz de Deus se manifestar no redemoinho.

O resultado final é que você dirá: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem”

domingo, 10 de janeiro de 2016

Salmo para o Deus invisível


O desespero estava tomando conta de todo meu ser. Há mais de um ano desempregado a situação em casa estava complicada. Uma angústia danada se abateu sobre mim. Disfarçava para não notarem meu sofrimento, mas mesmo assim a dor estava insuportável. Angustia de um ser que precisava de amparo, afeto e carinho, mas que não era compreendido pelos seus parentes. Muitas vezes era rotulado como preguiçoso por estar a mais de um ano procurando trabalho e não encontrar. Dentro de mim minha alma chorava em silencio por todas as falsas acusações. A noite torna-se densa e rios de lágrimas escorrem do meu olhar. As vezes oro suplico imploro pela ajuda divina e não ouço nenhuma resposta. Então gritos de desespero invadem meu pobre coração a procura do Criador de todas as maravilhas deste mundo. Entre mim e Ele há uma cortina azul que as vezes penso ser instransponível. Com um olhar vago procuro na imensidão desta bela cortina. Aquele que pode me livrar de os meus temores.
Mais apenas vejo o azul anil encantador de um artista misterioso que meus olhos nunca viram. Sei que Ele me vê, mais não entendo porque não me responde.
Meus dias estão passando velozes igual uma flecha e me sinto sem direção, por favor me ajuda oh Deus da minha salvação.  Não deixe que o ódio e amargura tomem conta do meu coração.
Responda minhas suplicas no dia da minha visitação por que meus adversários riem de mim, sim oh Deus eles zombam da minha queda.
Até quando serei motivo de riso meu Deus.
Muitos dizem não se afaste de Deus.
Mais sei que o Senhor está comigo assim como esteve com Jó.

Então muda meu cativeiro meu Deus.