Pesquisar este blog

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015



O xadrez como metáfora da vida


Estava andando no parque e me detive ao ver um senhor de idade e seu neto (assim o entendi), jogando uma partida de xadrez. Pareceu-me entretanto, que aquilo era mais que um simples jogo. A cada lance havia um dialogo implícito sobre a vida.
De um lado o experiente jogador, cauteloso, ponderado, prudente e tranquilo por ter jogado inúmeras partidas vida afora. Cada jogada era precedida de um saboroso momento de contemplação de todo o tabuleiro.As possibilidades eram descobertas como quem garimpa a pedra dos sonhos, e a cada descoberta um sorriso sereno.
Do outro lado o jovem jogava com impetuosidade, rapidez, impaciência e buscava finalizar o jogo o mais rápido possível. Provavelmente aquele jovem ainda não havia aprendido que a beleza do jogo está em jogar.
O xadrez pareceu-me uma metáfora da vida onde o tabuleiro é a dimensão da história, cheia de possibilidades, no entanto não se joga sozinho. É preciso do outro. Se assim não for o jogo perde a graça. Na vida também estar sozinho não tem a menor graça.
É preciso estar com o outro no tabuleiro e aprender a negociar os espaços e as mexidas.
Os dois jogadores tem as mesmas peças e cad peça tem o seu papel. Assim ocorre também na vida. Todos tem as mesmas possibilidades. Mas o que fazemos com elas é o que faz a diferença.

As peças, por sua vez carregam em si atributos próprios, tanto na natureza de seus movimentos, quanto na posição que ocupam. Rei e Rainha estão juntos, lado a lado, e é aí o o melhor lugar. O rei é a peça mais valiosa, a rainha a mais poderosa.
Ambos se complementam. Quando afastados sem justificativa estratégica ficam vulneráveis.
As torres representam a fronteira do espaço, estabelecem o limite do jogo e guardam o reino, elas representam a casa, o nosso patrimônio.
Os cavalos são a força do jogo. Pulam obstáculos, superam dificuldades e estão um do lado do rei e outro do lado da rainha. Eles representam nossas habilidades e competências.

Os bispos revelam muito sobre a vida. Um segue a carreira branca e outro a carreira preta, eles simbolizam a dimensão da espiritualidade. Os bispos são os primeiros a defender o reino, pois estão a serviço da vida e nos fazem olhar para além de nós mesmos.
Na linha da frente estão os oito peões, que apesar de serem considerados peças sem importância eles no final fizeram a diferença entre vencer e ser vencido.

Os peões ensinam que o caminho é sempre para frente. Avançar e não deixar que os adversários avancem é a sua meta. Isso nos ensina a cuidar das coisas simples, a entender que uma pequena peça é o diferencial nas grandes conquistas. Às vezes temos a sensação de que somente as coisas grandiosas, sofisticadas, caras, complicadas é que são necessárias e essenciais. Os peões nos mostram que no final é a simplicidade que faz a diferença.
E por fim não há vitórias sem perdas e sem esforços. No jogo de xadrez como na vida, a vitória tem o seu preço e exige sacrifícios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário