Os poderes deste mundo são esmagadores.
Seu Príncipe um dia disse a Jesus que tal poder lhe
fora dado; afirmando assim que este mundo é do
diabo; e, por mundo,
entenda-se o sistema de poder e as mecânicas de troca e
de controle que existem na sociedade humana,
como o dinheiro, a política, a propaganda, os processos de indução da mente, e
todos os valores e dês-valores pelos quais os seres humanos existem; alguns
deste pseudo-valores dissimulados como honra, outros como reputação, outros
como sucesso, outros como estética, outros como cultura, outros como religião,
outros como moral, outros como justiça, outros como leis, outros como imagem,
outros como propriedade, outros como obrigação para com as convenções
estabelecidas, outros como normalidade, outros como direito pessoal, outros
como Direito Instituído, outros como comercio, outros como negócio, outros como
moda, outros como fama, outros como admirável nome, outros como dever, outros
como qualquer que seja a forma de poder a se ter e praticar uns sobre os
outros...
É, no
mínimo, de tais coisas que vêm as forças que controlam os homens; ou seja: o
mundo!
Sim; é por tais realidades
estabelecidas que se mata, se vinga, se odeia, se divide, se sai à guerra, se
constroem armas, se imagina o engano como propaganda, se desenvolvem as
ciências da manipulação; e, consequentemente, é daí também que nascem as
frustrações, os medos, os sentimentos de inadequação, as invejas, as comparações,
os cultos ao ter e ao poder, as angustias, as fobias, as desordens psíquicas,
os surtos de supremacia e hegemonia, as vontade do capricho, a idolatria, as
carências, os descontentamentos, e o afã por se fazer qualquer coisa para que
se não fique para trás...
Foi por isto que Jesus disse que o Seu
Reino não era deste mundo; e nem poderia ser; posto que os valores, as importâncias
desta ordem de coisas, sim, todas elas, jazem no maligno,
como disse o apóstolo João.
Assim, ser mundano é ser guiado pelo espírito
deste mundo e pelas suas importâncias; cultuando os ídolos objetivos e
subjetivos criados pelo Grande Fabricante de Importâncias de Existências que
não são Vida; a saber: o Diabo!...
É impensável, mas todos nós somos mais
possuídos pelo espírito deste mundo do que desejamos admitir; e, para nós,
parece que a existência fica sem graça sem que nos entreguemos a tal espírito e
suas buscas de felicidad como obtenção ou ostentação.
Jesus, no entanto, nunca propôs um
caminho de alienação;
visto que orou ao Pai: “Não te peço que os tires do mundo, mas que os
livres do mal”.
Desse modo, é no mundo que tenho de
viver, ao invés de me alienar dele; porém, existe uma vida que atravessa o
mundo sem que dependa dos mecanismos e dinâmicas de valores e significados que
o impulsionam, bem como animam aos seus alienados seguidores; sim; dos seguidores do curso
deste mundo...
Ora,
tal vida no mundo, porém sem que se o siga, é aquela única vida que vemos em
Jesus e no Seu caminhar humano!
Jesus é Aquele que viveu no mundo, sem
anticépticos, mas que, ao mesmo tempo, passou por ele livre do mal;
deixando-nos o exemplo de como tal caminhar se torna em vereda de vida para
nós.
Paulo disse que uma das realidades que
nos caracterizariam como gente no mundo,
mas livres deles, seria a capacidade de vivermos em estado diário de desapego.
Desapego!
Sim; a afirmação de importância capital feita por Paulo é esta: “Que os casados sejam
como se não o fossem; que os que se alegram como se não se alegrassem; que os
que choram sejam como se não chorassem; os compram, como se nada possuíssem; os
que se utilizam deste mundo, como se dele não se utilizassem”
[citação livre].
Desapego;
posto que a aparência deste mundo passa; e tudo o que nele se vende não
perdura; posto que seja feito para iludir e não satisfazer jamais...
Além disso, este mundo é afirmado no
Evangelho como sendo um cemitério
de diversões e de ilusões; daí se afirmar que ele jaz;
ou seja: que ele está morto no jazigo do engano das
aparências...
Tudo passa; tudo se esvai; tudo logo
perde seu brilho; tudo perde sua importância; tudo vira história, conto; e isto
na melhor das hipóteses; sim; posto que tudo seja miragem; tudo seja vaidade e
correr atrás do vento em plena alegria de insanidade...
Ora, é apenas quando essa compreensão espiritual
nos controla a mente e as interpretações da existência que se começa a colocar
o pé no caminho, na vereda, no chão do desapego.
“Pois tudo passa rapidamente e nós voamos”
diz o Salmo!
No fim, o que faz diferença não é ter
conhecido a Terra toda, mas seu próprio coração até onde seja possível!
Sim; no fim o que importa não são os
muitos conhecimentos, mas os verdadeiros vínculos de amor fiel e leal.
No entanto, para muitos que me leem,
viciados que estão nas drogas existenciais do espírito deste mundo, dependentes
que se tornaram nos alteradores de consciência do Grande
Traficante, tais palavras parecem com os dizeres
de um moribundo e desenganado.
Todavia,
apesar de todas as vias que se procure, eu sei, e sei pelo Evangelho e pela
própria existência, que estas palavras, e que não são minhas, provar-se-ão
irrebatíveis e implacáveis!
Os infelizes que se tornaram sábios já
sabem que elas são verdadeiras; os sábios que não se entregaram as
infelicidades também sabem da veracidade delas; os velhos que aproveitaram o
tempo para refletir concordam com elas também; os jovens que tenham crido mais
na Palavra do que nos testes das tentações, também sabem acerca da infalibilidade
do que aqui se afirma.
A maioria, entretanto,
parece precisar entregar-se ao engano a fim de que, enganados e desiludidos,
venham a aprender o que está estabelecido pela Experiência do Criador; sim,
Daquele que nos fez, e sabe como e para o quê nos criou.
Eu, porém, sei que muitos terão que se
arrebentar a fim de darem crédito a tais palavras.
Enquanto isto, fala-se; mas sabe-se
também que nada substitui a dor ungida pela Graça nas noites escuras das
desilusões. E muitos parece deixarem o encontro com a Verdade de Deus para as
portas do Hades!
Nenhum comentário:
Postar um comentário