NAVALHAS DA GLÓRIA
Paulo disse que deveríamos nos gloriar na esperança da glória de Deus, e, também, nas próprias tribulações, sabendo nós do bem, do poder de forjamento e de produtividade espiritual e de caráter de fé, que o triturador de vaidades e de falsas importâncias que a tribulação/provação gera como beneficio para o ser.
De fato Paulo estava nos apresentando a experiência das navalhas da glória.
O forjamento de um ser humano glorioso, em um mundo de ilusões, só pode ser feito [sem o poder da amargura filosófica], pela via das navalhas da glória, que são as tribulações desmontadoras das fábricas de ilusões; e que apenas adocicam o ser e o iluminam com a alegria da verdade/realidade, no caso de ele interpretar tudo como obra do Escultor; embora, ele mesmo, o homem, precise se oferecer, em amor, como matéria para o esculpir; visto que, no processo existencial, o homem não seja inanimado, e, por isto, tenha que ser matéria viva e auto-ofertante ao Escultor — como se a pedra ou a madeira dissessem ao Escultor: Eis-me aqui. Me esculpe. Ofereço-me... Mudo de posição. Mudo de textura. Mudo conforme Seu desejo. Tu és o Escultor [ou Tapeceiro]. Eu sou uma matéria parceira da transformação e na arte do Teu amo;, e o faço deliberadamente, cada dia mais.
As navalhas da glória são feitas de sabedorias divinas aplicadas a circunstancia do homem, somadas o que, no homem, pela Graça Livre e pela Graça da decisão na Graça feita pelo homem — formem um termo/único de poder mutante; e que não comporta o dualismo Escultor ou Escultura Sujeita de seu próprio destino; tanto quanto não comporta o problema: Tapeceiro ou Parceiro.
Não! Tudo provém de Deus. Porém, a provisão de Deus é que o Tapeceiro conte com a Parceria do homem no ofertamento de si mesmo como parceiro e cooperador de Deus no trabalho de sua caminhada de glória em glória.
Não existe este dilema. Somente existe em quem pensa a vida com categorias fixas; tipo: se Deus é o tapeceiro, então eu sou um tapete inerte; ou, então: se Deus é o Escultor, então, eu sou um escultura inerte; sempre a espera do desejo Dele, de esculpir...
Mas não é assim no Evangelho.
Deus é vivo; e a oferta é viva também...
Este é o culto racional:
A entrega do homem vivo ao Deus vivo — por amor; aceitando o que não entende ainda; e assumindo conscientemente tudo o que já entende; fazendo-se, de um lado, obra e feitura de Deus, e, de outro lado, oferecendo-se como sujeito deliberadamente ativo na disposição de cooperar com Deus, andando conforme a Vontade revelada de Deus.
Enquanto a gente não aprende isto pela experiência das navalhas da glória, da esperança da glória eterna vivida na ambigüidade da dor e da tribulação, no máximo a pessoa aceita isto como um bom argumento a ser usado na ajuda aos que estejam com tal problema ou conflito.
Antes das navalhadas da glória tudo isto é apenas estoicismo ensinado com máscara cristã. Seria uma espécie de Zen Fé Cristã.
O caminho da glória, portanto, segundo Jesus, Paulo e todos os apóstolos — é a vereda estreita da glória forjada como navalhada na existência.
No fim cada cicatriz fica romântica, cada ferida se torna poesia, toda dor converte-se em canção de ninar, e toda perda se torna o maior lucro.
No fim, cada marca é de Cristo em nós.
Alguém quer ainda discutir o processo?...