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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

AS DOENÇAS DE SER QUE NÃO VEMOS EM NÓS!



 



Não é porque alguém não defeque nas calças e nem faça xixi nas pernas que seja sadio.

Não é porque uma pessoa não seja violenta e agressiva que por tal razão seja sadia.

Não é porque a pessoa não apresente nenhuma das disfunções psíquicas que ocorrem como transtorno em pessoas diagnosticadas com problemas psíquicos graves que, por tal razão, ela seja mentalmente sadia.

Nossos maiores problemas mentais não são objeto de preocupações psicológicas e psiquiátricas.

Sim! Eles decorrem de inseguranças sutis, de abusos leves, de mentiras simples, de implicâncias e antipatias inocentes, de direitos pessoais exacerbados, de intenções de controle e manipulação, de incapacidade de se enxergar, de traumas antigos e esquecidos, mas que deixam suas trilhas como caminho emocional na pessoa, etc.

Desse modo, não havendo cuidado e atenção da pessoa a si mesma, às suas emoções, reações, explosões, iras, irritações, etc. — ela vai ficando cega; e, pela normalidade da conduta social, vai adoecendo na alma sem notar que o mal está instalado e crescendo...

Nessa hora [hora-sempre], além de freqüente e diário auto-exame, devemos também, por mais chato e desagradável que nos seja, passarmos a dar atenção ao que os outros que nos amam dizem a nosso respeito; visto que, muitas vezes, o que os outros - íntimos dizem de nós carrega muito daquilo que não vemos e não queremos ver e admitir.

Normalmente tal situação é criada por um de dois extremos na alma:

1.         Excesso de segurança sobre os próprios conceitos e justiça-própria.

Ora, uma pessoa tomada de tais certezas de justiça pessoal, em geral se torna incapaz de ver suas próprias idiossincrasias; as quais, em tal caso, são o resultado de tudo o que ‘de bom’ resida em tal justiça pessoal, mas que, não sendo objeto de analise da pessoa, acaba cegando áreas inteiras da auto-percepção da pessoa; sem falar que muita gente, depois de um tempo vivendo assim, desenvolve mais e mais aspectos positivos de sua justiça-própria com a finalidade inconsciente de ter álibi para um monte de outras coisas que a pessoa não quer ver e nem tratar.

2.         Grande insegurança acerca de si mesmo.

Se a pessoa cheia de justiça-própria pode cegar-se por falta de auto-percepção gerada pela falsa idéia de justiça pessoal, de outro lado, o inseguro enxerga-se de modo desproporcionalmente negativo, e, assim, desenvolve todas as doenças da insegurança, que podem ir de extremo narcisismo ao oposto dele, que é a pior auto-imagem possível.

Por isto, o mandamento é este:

“Examine-se o homem assim mesmo...”

Afinal, se no Querubim da Guarda pôde entrar perversidade em meio à Glória, pergunto: Quem fez você crer que, por julgar-se bom e justo, algo do Querubim Exaltado não possa alojar-se sutilmente em você?

Sim! As piores doenças do ser não existem nas tabelas de doenças da alma da ciência.

Nosso chamado, todavia, é para a cura diária e para a auto-analise cotidiana; não nos conformando  com os padrões de comportamento adoecido desta geração perversa, e, além disso, aceitando nosso chamado para a renovação da mente, todos os dias; checando a nós mesmos diante do amor de Deus e do padrão de saúde interior determinado pelo mandamento de ser, conforme o amor em Jesus.

No dia em que alguém se julga completamente sadio, nesse dia estará mais doente de alma do que nunca.

Somente os que existem crendo que precisam não apenas de manutenção espiritual, mas de cura mesmo, é que viverão sendo curados todos os dias.

Aquele, porém, que julga que falta muito pouco a ser curado nele, esse, infelizmente, morrerá sob a presunção da saúde, celebrando conquistas antigas, mas que se perderam no tempo; posto que nenhuma virtude é perene em nós, visto que para cada virtude existe uma não-virtude equivalente ao que em nós seja virtuoso; e, assim, pela falta de auto-analise, o pólo negativo e equivalente de nossa virtude, sutilmente vai se alojando em nós, até que nos tome, enquanto nós julgamos que se trata ainda da virtude original.

Não adianta. Não há bom. Quem não se entrega diariamente ao exame na verdade do Evangelho, esse, mesmo supondo servir a Deus, vai se perdendo sem notar...

É assim que o Querubim da Guarda se torna Lúcifer e só fica sabendo quando já é diabo.


Pense nisso e olhe para você mesmo!


Nele, que nos chama à Luz todos os dias,

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Cidade das Lágrimas


Vi um menino sentado no meio fio em lágrimas. Me aproximei para ver porque ele estava chorando. Perguntei a ele porque choras. O menino em soluços desolado levantou a cabeça e mal conseguiu me responder. Ele balbuciou algumas palavras mais não entendi. Então insisti para que ele revelasse o motivo da sua dor. O menino levantou-se e veio na minha direção e de forma inusitada pegou na minha mão. 

Nesse momento entrei em transe e fiz uma viagem pelo mundo. Vi os desabrigados da Síria morrendo nos mares da vida.  Depois observei pessoas africanas chorando por causa do ebola. Passei em Jerusalém e vi a guerra sem fim por causa da religião.  

Continuei a viagem e fui para a França onde vi homens bombas matando várias pessoas sem nenhum motivo aparente. Depois percorri uma cidade fantasma que foi destruída por uma barragem.  Nessa cidade vi casas que foram destruídas, histórias que foram soterradas pela lama da ganancia de homens que só pensam em dinheiro. 

Lá passados foram enterrados, sonhos apagados, futuros desfeitos e só havia um sentimento de perplexidade no olhar das pessoas.

Mariana de sonhos perdidos de futuros incertos. Mariana de vidas soterradas pela ganancia. Mariana você nunca mais vai ser a mesma. Mariana você perdeu a beleza.


Mariana, Mariana, Mariana todos choram por ti.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

A coragem encara o medo e, portanto, dele se assenhora. A covardia reprime o medo e, portanto, dele se torna escrava. Homens corajosos nunca perdem o elã pela vida mesmo que a situação que vivem seja sem brilho; covardemente, homens esmagados pelas incertezas da vida perdem o desejo de viver. Devemos constantemente erguer diques de coragem para conter as inundações do medo."

















Martin Luther King Jr

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Esgotamento Espiritual


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Por definição, entendemos que o Esgotamento é um termo leigo, mas muito expressivo e bastante procedente. Trata-se de uma situação clínica onde se esgota a capacidade de adaptação, portanto, é um quadro que pode aparecer acompanhando outros estados emocionais. 

Para entender o que é e como ocorre o Esgotamento, o primeiro passo é, como sempre, estudar a Ansiedade (patológica) e os Transtornos do Humor. Atualmente esse termo é de uso corrente entre as pessoas participantes daquilo que chamamos vida moderna. Ninguém gosta de pensar na Ansiedade, no Estresse, no Esgotamento ou na Depressão como formas de algum transtorno emocional, é claro. 

Isso pode parecer muito próximo do descontrole, da "piração" ou da loucura e, como de fato, todos temos a possibilidade de, pelo menos uma vez na vida, sermos afetados pelo estresse, pelo esgotamento ou pela depressão, então será melhor não considerá-los como formas de algum transtorno emocional. Mas não é este nosso foco de estudo, estudaremos o Esgotamento sob o prisma espiritual.

Às vezes ficamos tão frustrados! Será que o Senhor Jesus Cristo morreu e ressuscitou a fim de ser o fundador de um clube social em que todos procuramos ser como ele é....cantar no coral, levar nossos filhos às reuniões, à escola dominical, ouvir as palestras animadoras de todos domingos, dizer "amém" nos momentos certos e participar de algum programa social nas noites de terça ou quinta-feira com algum grupo familiar, ou células familiares como irmãos da igreja?

 Se isso tudo a respeito de Jesus, ele é bem maçante, muitos pensam assim! São aquelas pessoas vítimas em potencial do esgotamento espiritual - a menos que em suas fadigas obtivesse as respostas que tal pessoa almejava. De fato, tal indivíduo é realmente um porta-voz de muitas pessoas que se sentem da mesma maneira, e que jamais o confessariam abertamente, em público.

Que veneno mortífero é esse que se espalha por toda a igreja nestes dias? Temos procurado evitar o problema fugindo dele, fingindo que não existe ou pondo a culpa muitas vezes no diabo, justificando-o assim desta forma - e em seguida evitamos também confrontar os crentes exauridos, queimados espiritualmente, que abandonam a comunhão, e saem da igreja tomando antipatia por ela. Todavia, o problema está aí no seio da igreja, e insiste, persiste para não ir embora. Há bem da verdade, vai se tornando uma doença, cujo alastramento transforma-se numa doença epidêmica.

Certa manhã, o irmão Malcolm passeando pelas montanhas Catskill, em Nova York, presenciou uma cena inesquecível para ele. Enquanto o irmão descansava assentado numa pedra, ao lado de uma lagoa cujas águas estavam cobertas por algas. Enquanto mosquitos se entretiam numa dança interminável, bem perto da superfície do lago, ele observava indolentemente umas libélulas em seu voo rápido entre os juncos. Uma rã tomava sol, aquecendo-se deitada numa rocha parcialmente submersa, bem no centro da lagoa.

Em um dado momento, o irmão Malcolm despertou para algo extremamente surpreendente. Acontecia algo esquisito, muito estranho com aquela pequena rã. Diante dos seus olhos ela entrou num profundo colapso...não caiu da pedra onde estava, mas subitamente aquela pequena rã murchou como se fosse uma bexiga, um balão com um furinho, onde vazava o ar. Finalmente, só restou mesmo ali, um montinho horroroso de pele de rã; o seu recheio desaparecera totalmente de forma brutal!

Só então após observar mais acuradamente, o irmão Malcolm pode ver o assassino. Um besouro d´água gigante havia picado aquela rã, injetando nela uma substância tão venenosa que lhe dissolvia as entranhas. Em seguida, o besouro passou a sugar o conteúdo da rã, deixando só a pele, como se fora uma sacola vazia de mercearia, estirada morta sobre aquela rocha.

Qual lição poderíamos extrair desta cena? A que conclusões poderíamos chegar com esta observação do irmão Malcolm? Muitos crentes nossos irmãos são como essa rã...algo lhes suga toda a vida interior, arrebata-lhes toda a vitalidade. Eles paulatinamente vão se tornando espiritualmente esgotados, cansados, espiritualmente exaustos por não verem cumpridas as promessas do evangelicalismo moderno, daquelas bênçãos prometidas nos púlpitos quando os irmãos enfrentam as campanhas, as reuniões, e nada acontece como eles sonham. 

Tais frustrações fazem com que seus pensamentos se tornem cínicos e negativos. Eles não crêem mais em Deus e acham que a Bíblia Sagrada conta apenas estórias da carochinha. Tais crentes estão agora amargurados, perplexos, abatidos, derrotados, ressentidos com Deus, com a vida, com parentes, com irmãos e com a igreja. 

Como se Deus estivesse longe e ocupado demais com outros milhares de problemas que nem se importa mais com os seus problemas. Tais irmãos queimaram-se espiritualmente, agora só lhes resta mesmo o monturo, o desprezo, e o terrível abandono pela "igreja" das quais outrora fora membro ativo, principalmente quando era um grande ofertante, um grande e fiel dizimista.


sábado, 26 de setembro de 2015

Religioso não Levanta caído


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A cada dia estou mais convicto da veracidade das palavras de Jesus sobre o quanto uma pessoa religiosa é egoísta, orgulhosa e prepotente. 
Para exemplificar irei utilizar dois textos bíblicos.
O primeiro caso é de um rapaz que foi assaltado, espancado e deixado a beira da morte.
O religioso sacerdote passou, eis ai um homem de oração, de unção como dizem do manto, o ungido.

O Eu profetizo passou e deixou o rapaz naquela situação. Acredito que ele foi Tomar posse da bênção.

Logo depois passou o Levita, o perfeito adorador, o melhor do melhor e o que ele fez para ajudar o pobre rapaz "Nada".

Depois veio o Samaritano, aquele considerado pelos religiosos como adultero, safado, imoral,  um homem sem pedigree religioso,  sem padrinho. E o que ele fez. Ajudou o pobre rapaz lavou suas feridas com azeite, o levou para um hotel e deu dinheiro para cuidarem do rapaz, e ainda disse se tiver alguma despesa extra pode deixar tudo anotado porque eu te pagarei porque a partir de agora esse rapaz esta sob a minha responsabilidade. 

Ficou ofendido com essa história briga com Jesus porque quem falou foi ele.
Quem você é nessa história, o sacerdote, o levita, o samaritano ou o rapaz caído?
Agora a segunda história desmente algo que é pregado na maioria dos púlpitos das igrejas de que a cruz é individual.

Você conhece a história da via dolorosa, aquela que Jesus percorreu e que de acordo com os historiadores caiu sete vezes por não suportar o peso da cruz.  Sabe o negão que ajudou a Jesus a levar a cruz se chama Simão. Portanto pare de falar que cada um tem que levar a sua cruz e ajude mais seu irmão. Talvez ele precise de ajuda porque não está suportando o peso da cruz.

Sabe porque a maioria das pessoas não ajudam, porque religioso não Levanta caído. 
Não espere misericórdia de pessoas que você tem como referência, porque certamente Pedro vai te abandonar, e te negar por ter vergonha do Cristo que carregou a cruz e caiu. Tenho outra noticia para você sabe seu irmão Tiago também vai te deixar. Sabe sua mãe a Maria agraciada também não vai te ajudar. Agora entende quem vai te ajudar é um negão abençoado e um samaritano sem nome.

Pense nisso,
Denison Santos 

terça-feira, 15 de setembro de 2015

SIDARTA, SÓCRATES, FREUD, JÜNG E JESUS

Os gregos nunca pensaram o amor como felicidade sem dor. Suas tragédias pereciam revelar que sem dor ninguém ama e nem vive; mesmo que por isto morra a morte dos amantes da vida que é vivida por amor.
"Tragédia grega!" — dizemos nós do que é amor impossível ou extremamente doído.
No entanto, justamente por esta razão o sentido de amor apaixonado foi objeto de pânico por parte deles. Estar apaixonado era estar louco; algo a ser evitado a todo custo; pois seria por tal entrega à loucura do amor que a pessoa experimentaria a tragédia; pois, para eles, amor era mais desejo e obsessão de posse do que qualquer outra coisa; apesar de Sócrates e Platão terem ensinado outra coisa.
Muito tempo antes dos gregos fugirem da paixão por estarem apaixonados pelas suas tragédias, houve um homem, chamado Sidarta, que vivia num lindo palácio. Seus pais queriam criá-lo longe das visões trágicas da existência. No entanto, um dia, ao ver pela primeira vez a vida que acontecia fora dos muros do palácio, o jovem Sidarta decidiu que conheceria aquilo de que tentavam poupar sua existência. E o que ele viu foi dor. Muita dor na existência. E nunca mais foi o mesmo. De fato, ofereceu seu ser à tarefa de descobrir um modo de diminuir a dor humana; depois é que alçou vôos mais altos, e percebeu a necessidade de “iluminação”.
No inicio, para ele, a equação era simples: as pessoas sofrem porque desejam; e desejam porque dão supremo valor à sua pessoalidade; assim, quanto mais pessoalidade apaixonada, mas dor haverá; e quanto menos disso houver, menos dor se manifestará na pessoa. Desse modo, o caminho de uma vida com ausência de dor, o que já seria felicidade, seria a via da diminuição da pessoalidade; a qual, só perderia seu poder se fosse derrubada pelas privações auto-impostas: como jejuns, desconfortos, mendicância, exposição às forças da natureza, e a aceitação resignada de todas as coisas. E por essa via Sidarta andou até à exaustão total. Foi apenas depois de muita meditação e conversas com pessoas de outras linhas e buscas, que ele apareceu com o “caminho do meio”, do equilíbrio, da harmonia, da moderação e do autocontrole; porém, sem as polarizações e radicalizações praticadas por ele quando escolheu sua primeira via. Entretanto, nem “o caminho do meio” o salvou do Nirvana, do Absoluto Impessoal, do Mar Eterno; pois, para ele, felicidade absoluta só poderia acontecer com a dissolvência total do ser no todo Existente, o qual, para ele, não era um Ser, mas um Tudo-Nada-Eterno. Daí, para mim, o Budismo não ser uma religião, originalmente falando, mas tão somente uma espécie de Psicologia do Profundo. Os seguidores de Sidarta, assim como os de Jesus, é que fizeram a perversão chegar ao seu clímax: o surgimento de uma religião.
Assim, falando já em Psicologia, dando saltos milenares, chegamos ao modo moderno de sentir o amor, a dor, a culpa, o medo, e outros monstros mais, os quais fazem seus ninhos no coração humano. De fato, seja qual for a linha terapêutica adotada, em suma, a psicologia e a psicanálise existem com a finalidade de ajudar o individuo a compreender de onde procedem suas dores, na esperança de que livre delas como assombrações, a pessoa encontre seu caminho de melhor existir. Não há uma proposta de felicidade na Psicanálise ou na Psicologia, mas há uma declarada esperança de alivio. E, dado ao modo como certos psicoterapeutas se tratam, e trama a ciência da alma que elegeram, pode-se dizer que, em muitos casos, tanto a Psicanálise como a Psicologia, são religiões da “Psique”.
Entretanto, como o século passado foi o século do analgésico e das drogas de alivio da dor, apesar da resistência inicial dos profissionais de linha mais psicologizada quanto à recomendação de medicinas químicas para seus pacientes, com o passar do tempo, e a pressão dos pacientes, quase toda terapia se faz acompanhar de algum alivio químico recomendado por algum psiquiatra.
Assim, seja fugindo da dor pela fuga do amor; seja fugindo da dor pela evasão parcial da realidade ou da pessoalidade; ou seja fugindo da dor tentando fazer as pazes com os monstros interiores; ou mediante o alivio químico, todos nós tentamos fugir da dor.
Ora, do ponto de vista do Evangelho, nenhuma das coisas acima mencionadas carrega o Caminho; mas, no máximo, uma via paliativa; mas que, pela Verdade de Jesus, ainda assim teriam que ser chamadas de vias de evasão da realidade.
O Caminho de Jesus no que se relaciona à dor, a partir do principio de que este mundo é um mundo de dores, já se tratava de algo que era; era algo auto-explicado. Pronto e ponto; sem maiores explicações. Afinal, para Ele, a existência era a explicação. Da mesma forma, Ele trata a constituição do ser humano como pervertida pelo egoísmo, e manda que o “si-mesmo” seja morto e crucificado. Entretanto, tal chamado à morte do “self glorificado” pelas fantasias das construções humanas, não equivalia a uma convocação a nenhum tipo de evasão da realidade, pois, é a Verdade-Realidade, o poder que liberta.
Assim, para Ele, o que teria que morrer era a fantasia. Em Jesus não há truques. Em Jesus não há mágicas, nem nos Seus milagres. É por esta razão que Ele chora diante da morte de um amigo e também ante o futuro de morte que aguardava Jerusalém. Também em Jesus o amor não tem que ser evitado; embora as paixões precisam ser educadas no amor verdadeiro; que é aquele que se dá.
Nele, também, banquetes não são evitados e casamentos devem ser celebrados. E o mais chocante de tudo é que Ele, que manda negar o “si-mesmo”, não tem nada contra o verdadeiro eu; dizendo de si mesmo a toda hora algum tipo de “Eu sou...” Assim, para Ele, é com a morte do “si-mesmo”, que é feito de ilusões, que o eu ressurge limpo e livre pela verdade-realidade.
Para Jesus, quando chega à hora da dor, ela tem que ser enfrentada, não evitada. Ele evita todas as dores desnecessárias, mas quando “é chegada à hora”, Ele mesmo sabe para onde andar. E isso não sem medo, pânico, dor, pavor, suores de sangue... Mas enfrenta... E vai...
E, ao final-eterno-começo, Ele não entrega seu ser ao Nirvana, ao Tudo-Nada, mas ao Pai; e ainda sabe dizer ao que sofria ao lado Dele, que naquele mesmo dia, a pessoalidade seria mais que pessoalidade, mas individuação plena (Paraíso); mostrando até o fim que não é a evasão da pessoalidade ou a fuga do amor ou ainda a compreensão do sentido da dor, o que salva, mas sim a confrontação da realidade, com a coragem de suar de modo não-zen, e de gritar as dores de quem às sente. Porém, em total amor confiante em Deus.
E tudo isto com a paz que Sócrates apenas sonhou em conhecer, e com a leveza que Sidarta na maior iluminação autodissolvente ainda não havia alcançado, e sem crises com o Pai por estar vivendo aquela Hora, como Freud ou Jung.
Aqui o filho freudiano não mata o pai; o pai-deus grego não mata o filho; e o eu não se dissolve como em Sidarta; porém, é o Pai quem dá o Filho; é o Filho quem se dá voluntariamente; e o Pai e o Filho são Um; não um Tudo-Nada.
Em Jesus nada é objeto de fuga, mas de toque transformador. Ele não busca o confronto, mas nunca foge dele. Ele abomina o narcisismo e o engano da luxuria embriagante, embora isso, para Ele, nada tivesse a ver com fato de rir, dançar, gargalhar, e ser bem-humorado, como bem humoradas são muitas de Suas falas e imagens, por vezes irônicas e até sarcásticas.
Sim, Ele não fica “zen” nem na hora de ser traído por quem comia de Sua mesa. Ao contrário, pede “pressa”.
Jesus é a pedra de tropeço para todos e é um golpe mortal no narcisismo de todos os humanos; pois, não se priva de nada e nem de ninguém; não foge da dor, antes vive para curá-la; celebra tanto a festa quanto a morte de um amigo com intensidades próprias; enquanto mandava tomar a cruz e segui-Lo, embora, no caminho com Ele, até a hora da cruz, todo andar foi na direção do que era vivo e humano; e feliz por apenas ser.
Seu modo de amar era diverso em seus aplicativos cotidianos, e variava de pessoa para pessoa, com toda propriedade. Ele ama tanto o “jovem rico” que o confronta até às vísceras; e ama tanto a “Samaritana” que pede dela o que Ele mesmo está louco para dar a ela: água. Ele vai de um “eu tão pouco te condeno”, para um “ai de vós fariseus”, sem dar explicações: a existência como ela é, e o coração que nela se faz sempre mostrar, já são a declaração filosófica.
E Jesus é assim tão diferente de Sidarta, dos gregos, dos Sábios da Alma, e de todos, não só porque Ele era Ele. Mas, sobretudo, em razão de que Ele era também a encarnação do paradoxo. Sim, Ele ensina que se pode ser feliz chorando, que se pode alcançar o inalcançável andando em humildade (sendo sempre ensinável), que se pode ter sede de justiça sem ser infeliz, que pela mansidão se conquistar tudo em verdadeira felicidade, e que até as perseguições injustas devem ser motivo de regozijo pessoal.
Para Ele a questão não estava em lugar nenhum que não fosse o olhar. É pelo modo de ver e interpretar, e é pelo interpretar que é filho do amor que se vincula à certeza de que Quem está Acima e Dentro não é Algo, mas Alguém-Pai —, que o olhar se ilumina; e pela sua luz, toda dor vira riqueza; e toda perda trás ganhos; e toda injustiça trás gloria; e todo abuso se torna um uso divino; e toda morte já não mata mais nada; a não ser a dor que já não dói com amargor.
Somente em Jesus o homem pode ser inteiro para viver Deus por inteiro, sem ter que deixar de ser quem é, sem ter que se dissolver ou evadir-se do real; nem tampouco tem que entender ou achar explicações para nada; pois, para Jesus, não importava quem pecou (Ele não buscou nenhum culpado, pois culpados somos todos), se um cego ou seus pais; o que importava era voltar a ver.
E quando lhe puseram à ponta de um caniço algo que lhe aliviasse a dor, como naquele tempo era uma praxe, Ele não aceitou; pois decidiu viver tudo com toda pessoalidade e lucidez. Por isso perdoa enquanto morre; conversa enquanto geme; dá instruções de amor enquanto agoniza; fala de sede enquanto morre; Experimenta Tudo (Está Consumado); e não vê nenhum problema em ver amor no Pai apesar da dor.
É por esta razão que os outros, por melhores que tenham sido, o por mais honestos e sinceros que tenham sido em suas buscas e esforços, são salvos por Ele. Os outros são humanos buscando luz. Ele é a Luz buscando os humanos. Ou outros eram homens. Ele é o Filho do Homem!
E, como já disse antes, se entendo só um pouquinho da alma de Sidarta e dos demais que mencionei, em qualquer tempo, se tivessem com Ele encontrado, deixariam tudo, e, em silencio, o seguiriam gratos. Afinal, Ele é a busca de todos os homens sinceros!

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O meu salmo 23


Ousei escrever uma versão minha para o Salmo 23.
Primeiro vamos ler na tradução mais conhecida da Bíblia.
O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará.
Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas.Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome.Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias.
Agora, a minha:
O senhor é meu tudo.
Ele me faz perceber que tudo falta em mim  - embora eu me sinta misteriosamente completo.
Consigo pensar em campinas verdes mesmo em meio ao caos urbano.
O Senhor me faz reconhecer que tenho carência de calma e serenidade.
Meus silêncios interiores precisam se parecer com as águas tranquilas de um ribeiro.
Meu vigor se renova.
 O Senhor se sente feliz quando oriento minha vida com integridade e justiça.
Mesmo que eu me encontre em becos sem saída e em ruelas sujas e escuras, transformarei meu medo em destemor.
Tu juraste nunca me abandonar.
Tua mão e teu ombro me dão a sensação de que alguém cuida de mim.
Sou como um hóspede que ganhou um banquete em um salão protegido de inimigos.
Tu me honras como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo.
Meu coração é como um cálice transbordando de alegria.
Estou consciente de que a tua companhia pode ser imperceptível, mas com ela entendo o que significa bondade e fidelidade.
Tu me fazes sempre sentir em casa – aqui e na eternidade.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

CORAGEM PARA DECIDIR NÃO REVIDAR




“Deus não nos deu espírito de covardia, mas espírito de poder, amor e domínio próprio” (I Tim 1:7).

Jesus disse que se alguém vai à peleja contra um inimigo que vem contra ele com o dobro do contingente que ele tem para defender-se, uma corajosa decisão deve ser tomada: ir ou não ir à peleja. E Ele não disse que a coragem é ir, mas sim a moderação que DECIDE se aquilo é ou não sábio, ou se tem alguma a coisa a ver com o bom combate.
 

Jesus nos libertou da tirania das falsas coragens!
 

Ora, se a decisão é “não ir”, ninguém pode dizer que aí houve covardia, visto que o poder, conforme a Palavra, não é suicida e nem homicida. Além disso, o verdadeiro poder tem “domínio próprio”.
 

Assim, o corajoso não é o que vai de qualquer modo, mas aquele que tem a sabedoria para decidir o modo como vai.
 

Poder, amor e domínio próprio são a antítese espiritual da covardia. 
 

O Covarde vai se pode ganhar, e quando vai, o faz sem amor, mas movido pelo ódio; daí não haver magnanimidade do covarde. Somente os corajosos são magnânimos.
 

Além disso, a coragem da qual a Palavra nos fala é também coragem para não ir contra a sabedoria. E, sem dúvida, esta é uma das mais difíceis formas de coragem, pois, implica, muitas vezes, na capacidade de sacrificar a honra em nome da sabedoria, do amor e do bom-senso.
 

De fato, coragem não é enfrentar algo fora de nós, mas sim enfrentar em nós aquilo que só pode ser enfrentado como uma decisão de não fazer, quando se PODE fazer, mas não se DEVE.
 

Ontem eu tive vontade de dar uns catiripapos numa pessoa. Mas seria covardia total. Então, tive que exercitar a mais terrível das coragens, que é aquela de decidir não reagir. E, lhes garanto, tal decisão é bem mais difícil que aquela de revidar, pois, nesse caso, o inimigo a ser vencido não é o fracote que está do lado de fora, e que não agüenta um cascudo, mas o que está do lado de dentro, e que sou eu, e pode fazer a covardia de subjugar aquele que não aguenta o que pede.
 

Assim, covardia, muitas vezes, é partir para provar que se pode. 
 

Mas o grande poder, é aquele que se exerce com amor, e que implica em domar o pior bicho, eu, e que precisa ser contido pela coragem do domínio próprio.
 

Levar um tapa na cara e dar a outra face quando você pode quebrar o pescoço do franguinho, demandar coragem muito maior que aquela necessária para enfrentar gigantes.
 

Deus, todavia, não nos deu espírito de covardia, mas de poder, amor e moderação.
 

A grande coragem é a DECISÃO!
 

quinta-feira, 16 de julho de 2015

CACO POR CACO

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Caco por caco. É assim que o seu Jorge, dono da loja “O Faz-Tudo”, cola uma luminária antiga que lhe seja enviada quando quebra.

E não é só caco por caco, mas até quase pó por pó, quando os estilhaços são muito pequenos.

O interessante é que ele cola caco a caco, uma vez por dia. De tal modo que o conserto pode durar até 30 ou 40 dias.

Todo dia um caco. E é assim porque a cola entra no processo e pode criar pequenas diferenças que, no fim, podem significar, esteticamente, a percepção ou não do acidente um dia havido.

Seu Jorge está certo. Quando nossas antiguidades se quebram, a gente tem que ter a paciência de colar um caco por dia.

Consertar o passado é um trabalho que seu Jorge nos ensina quando conserta as nossas antiguidades, quase todas feitas de cristal muito fino e insubstituível.

O passado foi vivido, e está perdoado; porém, há sempre muitos cacos para colar. E também tem que haver a paciência para esperar “os materiais trabalharem” dentro da existência, a fim de que cada nova inclusão venha na medida certa.

O trabalho dele é tão bom que só fica sabendo que o cristal se quebrou quem antes havia sabido que ele havia se partido. Do contrário, para novos olhos, o objeto está simplesmente perfeito.

Se seu Jorge, dono de “O Faz-Tudo”, faz assim, o que não dizer de Jesus? Sim, se seu Jorge faz assim, o que se deve esperar da cola do amor e da graça que vêm dAquele em Quem Tudo Está Feito?

Reconciliação é o que Ele faz!

quarta-feira, 15 de julho de 2015

A MENTE E OS CAMINHOS QUE DELA PROCEDEM




Há dias e dias; assim como há temporadas boas e más. Há tempos de ventos contrários e estações de ventos a favor.

Em geral, no entanto, os tempos são feitos das intensidades de material existencial que oferecemos; e carregam marcas comuns a eles.

Há ocasiões em que tudo é saúde.

Mas a saúde é silenciosa como silencioso acerca de si mesmo é todo corpo sadio.

Há ocasiões em que tudo dói.

E dói em muitos à nossa volta, como se pelo vínculo e pela proximidade de coração, as dores de um se encadeassem às dos demais, e, assim, sem padrão de identificação de algo comum nos detalhes, surge, todavia, algo comum no geral, que é a estação de dores diferentes embora existindo compartilhadas.

Há pessoas, no entanto, que vivem essas estações de modo inconscientemente deliberado.

Ora, como pode algo ser inconsciente e ao mesmo tempo deliberado?

A deliberação do processo inconsciente acontece à revelia do desejo confessado do indivíduo; pois, nesses casos, para fora, mediante o uso da consciência como expressão “de palavra” falada, o que se diz é que “se teme tais coisas”; porém, o processo inconsciente responde ao temor (que no caso é a pulsão prevalente); e demonstra que não intenta obedecer ao medo confessado; antes o abraça como elemento a ser processado e devolvido ao consciente como invocação do temor como calamidade confessada com a boca; e muitas vezes repetida em palavras, tanto quanto também encenadas, de tal modo que “o script” passa a existir como energia solta e pegajosa do lado de fora, atraindo os idênticos ou os predadores daquele estado de espírito (isso de um lado da situação que descrevo).

 Porém, no lado de dentro (o outro lado), o inconsciente convence a pessoa acerca de que ela é aquilo que teme; e, portanto, faz a pessoa se candidatar a conhecer aquilo que diz ter pavor de encontrar; ao mesmo tempo em que assim o faz em razão daquele estranho sentimento infantil que leva a criança a amar morrer de medo e de assombração, enquanto chora de pavor e pede mais... — na idade adulta, esse antigo sentir tem seu similar, o qual cria aquilo que na infância é somente fantasia masoquista de quem está tão fascinado pelo medo, que prefere sofrê-lo a não conhecer as proximidades do mistério que ele promete como pavor. 

É uma pulsão da Árvore do Jardim onde a Serpente assombrava e fascinava. Entretanto, em adultos, o que na criança é gozado, se torna monstruoso nos estragos que provoca.    

Assim é que existem as estações da vida em que aquele que tem medo enfrentará seus temores em razão da deliberação do inconsciente de não deixar de atender ao pedido de mais assombração, ainda que se chore dizendo que não se quer mais...

— “Chega!!!!!!!! Mais... mais... não, não, chega, ah, mais...”.

Muitas vezes as agendas das dores se encontram em estações que se tornam subitamente comuns para muita gente que se ama entre si; e nessas ocasiões o amor tem que encontrar todas as soluções da presença que precisa se multiplicar na mesma qualidade e conforme a relação; e isto entre muitos.

Entretanto, até aqui tudo bem. Afinal, o que me preocupa dizer é que há pessoas que atraem toda sorte de calamidades e sempre conforme o medo delas.

Mas aquele que anda sem medo em razão da sua confiança total no amor de Deus por ele, esse atrai tudo que é bom.

Medo e fé são os pavimentos de todos os caminhos humanos, e a jornada vai se tornado conforme o chão de pensamentos no qual se pisa.

O caminho do homem acaba sempre por tomar a forma de seus pensamentos e sentimentos. E quando o mesmo espírito negativo ou positivo se torna comum a uma família ou a um intimo grupo de pessoas, às vezes surge um processo de intercomunicação coletiva inconsciente, e o resultado é um surto em cadeia da mesma qualidade do que seja prevalente no espírito comum.

Desse modo o caminho pavimentado com fé sempre será promotor de uma jornada de aventura e de venturas, mesmo quando dói ou doer.

Mas o caminho daquele que o pavimenta com medo, será sempre feito de areia movediça, buracos, covas perigosas, despenhadeiros, e muitas conspiração adversária na jornada do individuo que também vai se tornando paranóico.  

Assim, mais do que nunca o essencial é ter-ser-fé.

Ter fé é muito bom, mas pode ser mais.

Ora, esse “mais” acontece quando a qualidade da fé evolui para a dimensão do ser, de tal modo que o homem deixa de ter fé e passa a ser um ser da fé e em fé, e isso de modo tão simples e singelo que se torna algo como respirar.

O fato é que uma boa mente, cheia de fé e da alegria do Espírito Santo, altera tudo, a começar do próprio cérebro, que é estimulado em áreas que secretam todas as melhores substancias químicas promotoras de bem estar e coragem.

Além disso, o próprio sistema imunológico passa a estar mais pronto para o combate micro-biótico.

No entanto, no tocante às emoções, aos afetos, e, sobretudo, aos processos psíquicos, uma boa mente, lotada de tudo o que é bom e puro, de tudo o que é louvável e de boa fama, de tudo o que edifica e promove a paz, torna-se o agente humano mais profilático que se possa conhecer; sendo, portanto, em tal caso, justa a afirmação que deveria dizer: “Mente sã, corpo são”; e isto muito mais corretamente até do que universalmente se popularizou dizer, que é: “Corpo são, mente sã”.

Sim! Porque o processo não é somaticopsíquico, mas sim psicossomático.

Cuide de seu humor, de sua atitude; e não negligencia a alegria e a esperança. Pois, é pela fé alegre, pela esperança rica, e pelo amor simples, que o chão de nosso caminhar pode ser pavimentado, e em tal pavimento não há tropeço, posto que nele, até quando se cai já se cai nos braços do Pai e dos irmãos.

Este é mais um convite da Graça!

Você vem?

terça-feira, 7 de julho de 2015

O homem preso na Armadura


O livro conta a história de um cavaleiro que acaba ficando preso dentro de sua armadura, e se distanciando da família e dos amigos. Com o passar do tempo, tornou-se obstinado pelo trabalho de salvar donzelas indefesas de dragões malvados; para ele a única coisa que importava era o trabalho, para poder manter o seu castelo e sua família sempre abastados.
Um dia, sua mulher Juliet, reclama que ele está se tornando um ser ausente em sua família, que o filho Christopher tem como única imagem do pai um retrato na parede. Com isso ordena-lhe que opte entre tirar de uma vez por todas a armadura ou perder sua família, pois ela partiria com o filho para a casa de parentes.
O cavaleiro obviamente escolhe a família, mas para assombro seu não consegue livrar-se da armadura. Recorre ao ferreiro do reino, a quem pisa acidentalmente o pé, este irritado desfere-lhe uma marretada em direção a amadura, mas nem mesmo isso foi capaz de ferir o cavaleiro ou mesmo desmanchar a armadura de aço, que sequer arranhou-se.
Desesperado, a nossa personagem recorre à ajuda do mago Merlin, que vive num bosque distante. Merlin resolve ajudar. Depois de ter suas forças restabelecidas pela ajuda do mago, de Esquilo e Rebecca, o cavaleiro pergunta a Merlin como se livrar da armadura de aço em que se encontrava preso, o mago então diz que só há um meio: percorrer a Trilha da Verdade, um caminho árduo e cheio de desafios pessoais.
Durante a trajetória, o cavaleiro tem de passar por três castelos: o do Silêncio, do Conhecimento e por fim o Castelo da Vontade e da Ousadia.
Em cada um desses castelos ele vai refletindo cada vez mais sobre sua vida e permitindo que seus sentimentos fluam. Á medida que vai se autoconhecendo e tornando-se mais afetuoso, sua armadura vai se desmanchando. Ao final do livro, nosso personagem aprende uma valiosa lição: de que o bem maior que ele poderia ter não são os bens materiais, mas sim sua família, seus amigos, e o amor próprio. De que não se deve apegar a coisas superficiais.
Ao final, descobrimos que o tal cavaleiro não era uma pessoa presa na armadura de aço lustroso, mas sim um sentimento: o amor.
O livro é realmente espetacular, Fisher encontrou um meio muito criativo, descontraído e gostoso de ensinar uma valiosa lição. O texto desta fábula é puramente filosófico – uma filosofia de vida.
Ao longo de nossa vida vamos blindando-nos dentro de uma armadura, censurando nossos sentimentos, e nos tornando cada vez mais obstinados pelo nosso serviço. Ferimos àqueles que nos cercam sem nem ao menos perceber, tornamo-nos insípidos, esquecemo-nos de viver. Fugimos a trilha da verdade e da justiça, procurando caminhos mais fáceis e agradáveis de percorrer, porém, esses caminhos levam-nos a um abismo sem fundo, do qual raramente conseguimos fugir – o abismo da solidão. Enquanto que, o caminho da verdade e da justiça nos leva ao topo de uma montanha de felicidade, fé, amor e prosperidade verdadeira.
Estamos tão preocupados com o que os outros pensam de nós, que acabamos nos tornando homens de lata, frios e calculistas, preocupados apenas com a imagem. Deixamos de nos preocupar com o que pensamos de nós próprios.
Cada um de nós deve observar seu interior suas próprias armaduras, suas couraças formadas pelo tempo. E você que acompanha esta fábula já parou para observar o seu interior? Quais são as suas defesas?
Lembre-se " Sem armaduras a vida é leve e simples".