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quinta-feira, 24 de maio de 2012

- A educação como o Antídoto para a cura da Discriminação Racial


Com o objetivo de desmascarar as várias faces do preconceito e da discriminação, chamamos a sociedade para um debate sobre a difusidade do tema acerca da cultura Afro e Indígena. Para propor soluções educacionais que possam ser inseridas no seio da sociedade, a fim de minimizarem os problemas raciais brasileiros, os quais causam grandes traumas na vida de milhares de crianças negras e indígenas.

Os traumas causados pela discriminação na psique de uma criança são tão violentos quanto um estupro, mas não de um corpo, e sim da consciência moral da criança, a qual passa a sofrer de complexo de inferioridade, se tornando retraída com baixa- estima.
De acordo com Augusto Cury, médico, psiquiatra e escritor há uma grande variedade de fenômenos que contribuem para a formação da personalidade.

O "self" se refere a "consciência de si mesmo", a consciência de que existimos e possuímos uma "identidade" única e exclusiva, a consciência de que pensamos e podemos administrar os pensamentos e as emoções.

Essa autoconsciência existencial é o primeiro passo na formação da inteligência, contudo é necessário inserir informações na memória das crianças, para que possam fazer uma leitura da coexistência macrossocial, e que elas fazem parte da protocélula da sociedade, e construam um conceito de cidadania que transcenda as perspectivas sociais, as definindo como o exercício dos direitos políticos de um cidadão em uma determinada sociedade.

De modo que as crianças sejam ensinadas que para ser cidadão é preciso ser solidário, altruísta, tolerante, e respeitar as diferenças etnoculturais. Por isso, é muito importante que o governo se mobilize através da reestruturação do sistema educacional qualificando os docentes para ensinarem acerca da cultura afro-brasileira e indígena.


Palavras-chave: Educação, Preconceito, Discriminação, Cultura Afro-Brasileira e Indígena.

 
- O ensino sobre a diversificação cultural deve fazer parte da grade curricular das escolas.

O ensino sobre a diversidade cultural deve fazer parte da grade curricular do ensino fundamental, pois criaria na mente da criança o conceito de igualdade entre negros, brancos e amarelos, entretanto o que se nota é a omissão do governo quanto ao combate à discriminação racial. Além disso, alguns materiais distribuídos pelo MEC são depreciativos a cultura negra, pois transmitem uma imagem negativa do negro, sempre o associando ao mal.

Por isso é necessário rever a qualidade das disciplinas que compõem a grade escolar, e ao mesmo tempo qualificar professores que possam ensinar as crianças sobre o multiculturalismo, pois somente a educação é capaz de eliminar as diferenças.

Entretanto, ainda, é necessário transpor as barreiras de uma sociedade preconceituosa, que pratica um preconceito subjetivista, o qual pode ser notado nas entrelinhas através de piadas depreciativas, que denigrem a imagem do negro.

A marginalização do negro na história do Brasil é um fato que precisa ser desconstruído pela educação, por isso é importante que o ensino acerca da diversificação cultural faça parte da grade curricular das escolas.

Para desmistificar a imagem negativa que foi criada sobre o negro, foi feito um estudo acerca do caso Ari um estudante de Pos-graduação que foi reprovado por causa de discriminação racial.

  Em 1998, Arivaldo Lima Alves do curso de Doutorado do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB), foi reprovado em uma disciplina obrigatória, mas em 20 anos daquele programa de pós-graduação nenhum aluno havia sido reprovado, então o Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão forçou o departamento a rever a menção e ele foi aprovado, com base nesse episódio o seu orientador, o professor José Jorge de Carvalho, elaborou  no ano seguinte à primeira proposta de Quotas, que é o embrião do sistema tão questionado.

 O caso Ari revela que as quotas têm como principal objetivo a acessibilidade ao conhecimento das culturas que foram subjugadas e marginalizadas.

De acordo com Sócrates existe só um bem, o saber, e só um mal à ignorância, entretanto, o processo de aprendizado é construído, a partir, de informações.

Segundo o psicólogo Abraham Maslow há quatro níveis de aprendizado:

Ignorância inconsciente: É o ponto inicial onde todos começam o processo de aprendizado, entretanto estamos inconscientes de que não possuímos nenhum conhecimento.
  
Ignorância consciente: É quando estamos conscientes de que não sabemos nada.

Conhecimento consciente: Quando estamos conscientes do nosso conhecimento, mas não exercemos domínio total sobre ele.

Conhecimento inconsciente: Quando exercemos total domínio do conhecimento de 
forma natural.

Portanto, ao longo da história o acesso ao conhecimento foi negado às culturas afro e indígena, e por isso é necessário que haja reparações não financeiras como foi o caso de Israel que recebeu uma indenização da Alemanha por causa do holocausto, mas sim de acessibilidade ao conhecimento. Todavia quando os negros se unificam na busca do conhecimento, as pessoas o rotulam de coitadistas, pois não querem que eles tenham conhecimento. 

 
 - A imposição do estereótipo europeu como padrão de beleza e de sucesso.

A BORBOLETA (Odylo Costa, Filho)

DE MANHÃ BEM CEDO
UMA BORBOLETA
SAIU DO CASULO
ERA PARDA E PRETA

FOI BEBER NO AÇUDE
VIU-SE DENTRO DA ÁGUA
E SE ACHOU TÃO FEIA
QUE MORREU DE MÁGOA.

ELA NÃO SABIA
- BOBA - QUE DEUS
DEU PARA CADA BICHO
A COR QUE ESCOLHEU

UM ANJO A LEVOU,
DEUS RALHOU COM ELA,
MAS DEU ROUPA NOVA
AZUL E AMARELA

Infelizmente essa literatura infantil que faz apologia ao estereótipo europeu de forma subjetiva foi distribuída pelo MEC no Paraná, e ao analisar o paradoxo entre o casulo e sociedade, percebe-se que a borboleta já saiu de lá sendo discriminada e rotulada por um padrão de beleza existente dentro do casulo, ou seja, da sociedade da qual ela fazia parte, portanto ao se autoanalisar começa a acreditar naquilo que lhe foi dito dentro do casulo, pois ninguém que acaba de nascer tem a pré-concepção do significado de beleza.

Este é um pequeno exemplo do descaso das políticas públicas ao preconceito sofrido pelas culturas afro-brasileira e indígena, e que a literatura que deveria combater o preconceito, está fazendo apologia ao mesmo.

 
- A Nulificação do Negro e do Índio

Durante anos o direito a cidadania de negros e índios foi negado, eles foram tratados como a escória do Brasil, mesmo fazendo parte da construção histórica, cultural e econômica do país. Negros e índios foram marginalizados, e suas culturas foram ocultas das pessoas.

As políticas sociais se esqueceram dos filhos do solo que trabalharam para a construção do Brasil, se esqueceram da escravidão, e da dizimação de vidas inocentes. Nulificaram a história afro e indígena, negaram o acesso a cultura desses dois povos e desprezaram o conhecimento que eles possuíam e implantaram a sua visão como única portanto, sem respeitarem as diferentes culturas, os diferentes costumes e as diferentes interpretações do mundo.

Procusto, segundo a mitologia dos gregos antigos, era um malfeitor que morava numa floresta na região de Elêusis (península da Ática - Grécia). Ele tinha mandado fazer uma cama que tinha exatamente as medidas do seu próprio corpo, nem um milímetro a menos. Quando capturava uma pessoa na estrada, Procusto amarrava-a naquela cama. Se a pessoa fosse maior do que a cama, ele simplesmente cortava fora o que sobrava. Se fosse menor, ele a esticava até caber naquela medida.
A simbologia por trás desse mito representa a intolerância diante do outro, do diferente, do desconhecido. Representa uma visão de mundo totalitária daquele sujeito que quer modelar todos os seres a sua própria imagem e semelhança. É a recusa da multiplicidade, da diversidade, da criatividade, da originalidade.

Procusto ou “as cegueiras do conhecimento” esteve presente, por exemplo, na consciência dos juízes de Sócrates, quando o condenaram a morte por ter “corrompido” a juventude ateniense; esteve presente também no imaginário dos soldados romanos que perseguiam e matavam cristãos por seguir uma religião que se opunha ao paganismo e a figura sagrada do Imperador e continuou presente no Tribunal da “Santa” Inquisição que condenou à fogueira todos àqueles que eram contrários aos seus dogmas: Giordano Bruno, Galileu Galilei (foi poupado por ter negado suas teorias científicas).

Esta consciência dos reis absolutistas também esteve presente até com Joana D´arc, além de estar nas revoluções burguesas, no processo de escravidão mercantil, na formação dos partidos nazifascistas,  no extermínio de milhões de judeus nos campos de concentração de trabalho, nas Guerras Mundiais, na dizimação de índios, na tortura de negros... (só para citar alguns poucos exemplos...).

O espírito de Procusto esteve presente em várias etapas de nossa História e ainda continua atormentando a Escola tanto quanto o processo educativo, em outras palavras, está presente na consciência humana produzindo “cegueiras”, erros e ilusões acerca do conhecimento quanto às questões raciais. 

Os Procustos nulificaram os seus semelhantes causando dor e sofrimento ao longo da história, por querer que todos se encaixem dentro da sua ideologia.



 
O paradigma da Sujeição x A liberdade do Conhecimento

Um novo tipo de negro vem despontando no decorrer dos anos, alguém que luta por seus direitos, que exerce sua cidadania, mas essas mudanças só ocorrem por causa do conhecimento, pois enquanto o negro não possuía conhecimento ele vivia debaixo do paradigma da sujeição privado de direitos básicos de sobrevivência.

O negro brasileiro estava debaixo do cárcere da sujeição, servia apenas como um animal de carga no exercício das atividades mais pesadas, quem não já ouviu a frase:

“Amanha é dia de Negro”

Esta frase sintetiza como o cidadão negro era visto pela sociedade, um ser serviçal sem cultura e sem conhecimento, alguém capaz de desenvolver apenas atividades braçais.
E sob a ótica da sociedade brasileira os negros não possuíam potencialidades intelectuais, durante esse período foram poucos negros que se destacaram.

Contudo, ao adquirirem conhecimento eles aos poucos foram rompendo as amarras da sujeição, e não se conformaram em serem tratados de forma inumana simplesmente por terem um pouco mais de melanina no DNA.

Hoje negros não aceitam mais informações do tipo leite com manga faz mal, e também não devem aceitar e se submeter às idiossincrasias escritas por pessoas que querem implantar uma nova filosofia cultural baseada na cultura e nos costumes americanos.



- Conclusão

Há exatamente cento e vinte quatro anos a Lei Áurea era assinada dando aos negros escravos a conotação de “liberdade” e após cento e vinte quatro anos de abolição é duro admitir que a liberdade do negro não é completa, temos que suportar os detrimentos de um passado obscuro que nos acompanha como se fosse uma sombra.

Quando os arquitetos de nossa Constituição Federal elaboraram a lei suprema de nosso Estado, deixaram descrito na mesma que “todos são iguais na forma da lei” sendo vedada qualquer forma de discriminação.

 No entanto vemos que são meras palavras, quando a Constituição foi elaborada seus arquitetos estavam nos dando um cheque no qual poderíamos descontar quando precisássemos e quando vamos descontar (os negros) ouvimos a justificativa de que o saldo é insuficiente e que não há dinheiro para nos ressarcir.

Porém devemos nos recusar a acreditar que os bancos da “justiça” estão falidos e que as grandes empresas de oportunidades deste país abriram concordata. Não podemos permanecer aprisionado em um local frio e cálido, onde não há luz e tendo que ficar com grilhões nos pés e mãos, silenciados pela sociedade hipócrita, as quais dizem o Brasil é um país de todas as cores.

Todavia, isto não é levado em consideração quando um negro está em um shopping ou em um mercado, sendo olhado por todos como se tivesse com arma em punho pronto para assaltar. Infelizmente essas situações são verídicas, e há uma poesia que reflete a trajetória do negro e do índio:


Contos e Saudades da minha Terra
Nas horas frias do inverno,
Sempre me pego imaginando,
De como os portugueses,
Chegaram nesta terra; Navegando.
Mudaram a cultura indígena,
Roupas os fizeram vestir,
Inventaram de catequizá-los
Como se eles não tivessem um deus a seguir
Os índios foram escravizados,
E sua cultura violentada,
Suas mulheres foram estupradas,
E suas vidas sacrificadas.
Os negros da África vieram,
E com eles o banzo também;
Uma doença que os faziam morrer de amargura,
Por não amar mais a ninguém

Suas lágrimas lavaram esta terra,
Seu sangue maculou este chão,
Tudo isso aconteceu;
E a culpada é a escravidão
O pranto para eles era eterno,
Carregando em seu acalanto,
O sofrimento e a veemência,
De que tudo um dia acabaria


Grandes líderes e guerreiros,
Entre eles nasceram,
Mas pouco a pouco morreram também;
Zumbi dos palmares é seu nome,
Foi traído por um beijo também,
Sua vontade era salvar o seu povo.
E acabar com a escravidão,
Mais isso, não foi possível;
Porque foi traído por um irmão.


Deus fechou seus olhos por alguns instantes;
E por isso a escravidão aconteceu,
Hoje o negro sofre o preconceito,
Por seus antepassados, que já morreu.
Nas senzalas; nasciam os filhos bastardos dos grandes Senhores.
Nas senzalas e nos terreiros;
Ficaram ocultas a podridão da escravidão.

O negro há muito foi humilhado,
Mas hoje em dia isso acabou,
O negro tanto lutou pra conquistar seu lugar na sociedade,
E com humildade esta sendo exaltado.

Como disse um poeta desconhecido: “ De repente não muito mais que de repente o vento da liberdade parou de soprar e ao abrir meus olhos estava no mesmo lugar”, ou seja, há liberdade dentro de nós e vamos continuar lutando para que ela seja completa.

Um comentário:

  1. Olá! Precisa fazer a citação de onde tira "seus" textos. Sou ator do trecho que expõe "Procusto ou as cegueiras do conhecimento”. Peço para que faça a menção de autoria, pois plágio é crime...
    Atenciosamente,
    André Wagner Rodrigues

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