Segundo
o Psicanalista Clínico Jackson Garcia o olhar psicanalítico não tem o objetivo
de apontar o que o paciente necessita fazer para entender seus porquês, e, sim,
pensar e refletir juntos, levando-o a fazer leituras de sua vida por ângulos
que ainda não observou.
Assim,
por meio da análise, pelo olhar investigativo da história do todo da pessoa,
sem ignorar os pequenos eventos, por mais insignificantes que sejam, é que a
terapia psicanalítica procura montar e decifrar a história do paciente,
como alguém em busca ávida das peças exatas para o encaixe perfeito do
quebra-cabeça.
As feridas da minha alma eram profundas demais, para serem curadas,
o grito de desespero solapava meu peito com muita força, contudo minha alma
estava amordaça sem forças para lutar contra as adversidades, me senti um
inútil e cheguei à conclusão de que minha vida não tinha valor.
O doutor ouvia meu desabafo calado, então fiquei cético, e
pensei será que esse doutor está me entendendo, será que ele se importa comigo.
De modo que fiquei aterrorizado só de pensar que talvez ele nem tivesse me
ouvindo, mesmo assim continuei contando a minha história.
Durante
a seção o doutor apenas avaliou o meu caso, mas o mais estranho foi que ele não
me disse uma palavra sequer, alias seu silencio era intrigante, pois me
confortava.
Me senti aliviado, pois um grande peso tinha saído das minhas costas, fui pagar
o doutor, mas ele não cobrou pela consulta, achei estranho.
A
segunda consulta aconteceu alguns dias depois, onde novamente me sentei no
divã, e contei minha história para o doutor, só que dessa vez a situação era
bem pior, pois minha filha morreu em um acidente de carro, e me sentia culpado,
tinha pesadelos, fiquei com síndrome de pânico, depressão, e hipocondria.
Todavia não sabia que o
Autor da Vida havia criado um mecanismo chamado psicoadaptação emocional que
atua na Memória de Uso Continuo (MUC) conduzindo a dor da perda para a Memória
Existencial (ME), ou seja, tira o acidente do consciente e o leva para o
inconsciente, e ele se torna lembranças.
As lembranças não apagam da memória o acidente
e nem a perda, elas apenas suavizam a dor, conduzindo o trauma para o
inconsciente onde ele é arquivado.
Contudo não há como mensurar as dores de uma perda, visto que as pessoas
reagem de formas diferentes quando expostas a traumas similares.
O doutor conhecia todos os
mecanismos da memória, neurônios, neurotransmissores, hipocampo, hipotálamo e
casa célula que forma a mente, ele também conhecia os diferentes tipos de
organismos, e suas reações diante de todo tipo de problema. Alias esse doutor
sabia quais eram meus pontos fortes e meus pontos fracos, sabia que quando a
noite chegava, o medo controlava minhas emoções, pois as imagens do acidente
ficavam vivas em minha memória.
As minhas emoções estavam em
frangalhos, estava à beira de um ataque de histeria, mas foi nesse momento que
percebi que o olhar do doutor Jesus penetrava em meu ser, e curava os meus
traumas interiores, e quanto mais olhava para ele, mais me sentia aliviado.
Deitado no divã de Jesus
aprendi a valorizar as pequenas coisas da vida, a inalar o perfume dos lírios do
campo, a reconhecer o valor de uma amizade, a ser feliz independente das
circunstancias.
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