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quinta-feira, 28 de junho de 2012

MAITRÉIA E O NOVO JESUS GNÓSTICO


A Nova Era do Novo Milênio é chamada pelos espiritualistas pós-modernos de Era de Maitréia. Com ela veio à expectativa de que a Era Cristã tenha acabado e, após ela, esteja surgindo à Nova Era do Cristo dos Cristos. Ora, tal realidade aparece com toda clareza e explicitude na tentativa de “recriar Jesus”, já que não é possível arrancá-Lo do imaginário humano.

Nesse sentido, o que se vê é o seguinte quadro sendo pintado. Os manuscritos Coptos de Nag Hamad, achados há algumas décadas no Egito, trouxeram consigo um acervo de material gnóstico sobre “um Jesus” que é, agora, a nova “bíblia” desta Era. É baseado neles (nos manuscritos) que veio o tal “Código Da Vinci”, o qual, se se mantivesse como ficção, seria obra interessante e criativa, boa para distrair. O problema é que Dan Brown, o autor do livro, surtou; e assumiu sua fé no calhamaço de hilaridades que de históricas nada têm.

É em razão do achado dos tais “evangelhos gnósticos” de Nag Hamad que o “novo Jesus” está sendo recriado todos os dias. O que ninguém explica é porque se esperou décadas para se começar a “emprestar” seriedade a esses achados, os quais estão sendo divulgado agora, mas não são novos como “achados”, tendo sido encontrados em 1945.

De fato, o que explica a súbita importância que tais manuscritos ganharam advém de duas realidades: a primeira é a falência do Cristianismo Histórico. A segunda é a grana que já se viu que o “novo Jesus” pode dar aos montadores desse “novo evangelho”. Isto sem falar nos “sinceros” que de fato creem em todas essas coisas.

O que se deve antes de tudo saber é que os gnósticos-cristãos já estavam presentes desde o início da pregação do Evangelho de Jesus. Paulo, por exemplo, teve que lidar com as interpretações do Evangelho que eles ofereciam aos discípulos o tempo todo. Na realidade os dois piores adversários conceituais de Paulo foram os “judaizantes” (mais burros; e apenas muito agressivos); e os “gnóstico-cristãos” (muito mais articulados e filosóficos).

Praticamente todas as cartas-resposta de Paulo lidam com conteúdos propostos por esses dois grupos. Quando mostra que a Lei morreu em Cristo, Paulo golpeia os judaizantes e seus discípulos. Porém, quando combate ou o “ascetismo”, de um lado; ou a “libertinagem”, de outro lado; Paulo está lidando com os “gnósticos”.

Sim, porque os “cristãos-gnósticos” diziam, de duas, uma coisa: ou que a purificação do espírito vinha do afastamento de toda e qualquer coisa material (a matéria era suja); daí o “não toqueis nisto, nem naquilo e nem naquilo outro...”, conforme a carta aos Colossenses —; ou, então, diziam que matéria e espírito não se comunicavam (dicotomia e dualidade); e que, portanto, o que quer que se fizesse com o corpo, qualquer que fosse a coisa ou orgia, em nada ofenderia o espírito, desde que o “crente” não parasse o processo da elevação espiritual pelo saber (gnosis). Paulo, entretanto, advertia que tais coisas “têm aparência de sabedoria”, embora não tenham “nenhum valor contra a sensualidade”.

Escrevendo aos Gálatas, até o capítulo 5, ele ataca os judaizantes e suas doutrinas legalistas. Porém, do verso 12 em diante, no mesmo capítulo, ele de súbito sai do “não pode nada” (da Lei), para o “pode tudo” (dos gnósticos). Assim, diz ele que estamos livres da Lei, não, porém para dar lugar a libertinagem. Quando escreve aos Coríntios ele fala daqueles que projetavam sobre ele as suas próprias sombras, afirmando que o Evangelho por ele pregado ensejava “uma disposição” comportamental “de mundano proceder”; e que o próprio apóstolo assim vivia. Já na carta que enviou aos de Roma, Paulo diz que havia aqueles que, em o ouvindo, pervertiam a Palavra da Graça, dizendo: “Se é assim, pratiquemos males para que nos venham coisas boas!” — afirmação que Paulo não apenas rebate, mas repudia.

O autor do Apocalipse, quando escreve às 7 Igrejas da Ásia, não apenas lida com as aflições das perseguições feitas pelos judaizantes, como também ataca o espírito do “Nicolaítas”; ou aqueles que andavam conforme “Balaão” (que profetizava enquanto estimulava a prostituição); ou ainda denuncia uma certa “mulher”, a qual era como uma “Jezabel” entre os discípulos, visto que lhes ensinava que o adultério e a prostituição eram banalidades com as quais ninguém deveria se preocupar, posto que as obras da carne — do corpo e da cobiça animal — em nada prejudicavam a vivência no espírito. Ora, todas essas coisas eram e são produções filosóficas gnósticas aplicadas ao contexto “cristão”.

Desse modo, o “novo Jesus”, inspirado nos “evangelhos gnósticos”, é um homem de sabedorias livres, capaz de andar com uma discípula amante (Madalena), e que não parecia com o Jesus dos 4 evangelhos; posto que estava mais para alguém sob profunda influência dos cultos de mistério dos gregos asiáticos ou dos egípcios, do para a descrição dos 4 evangelhos acerca do Jesus do Evangelho.

Quando li a primeira vez esses “evangelhos” logo percebi a total inconsistência deles não apenas com relação a Jesus; mas, sobretudo, percebi que ali havia apenas uma criação de “um Jesus” que coubesse nas cobiças e caprichos de uma seita: a dos gnósticos.

A montagem desse novo Jesus faz dele o seguinte:

Um homem bom e sábio, que ensinara de modo fascinante sabedorias antes ocultas, e que dava a si mesmo o direito de amar e transar com Madalena, tendo com ela procriado e gerado uma genealogia que permanece no mundo até hoje. 


O mais, dizem eles, foram absorções feitas pelos primeiros discípulos acerca de mitos egípcios e gregos, criando “um Jesus” que também não era o verdadeiro. De fato, tais “absorções” aconteceram não entre os primeiros discípulos, no primeiro século da Era Cristã, mas já bem depois. E, nesse caso, não foram os “gnósticos” os que fizeram tais sincretismos em relação ao Jesus do Evangelho, mas a própria “Igreja Oficial”, filha do Imperador Constantino, e que é romana em sua geografia de importâncias até o dia de hoje.

Exemplificando: o batismo antes aberto a quem quer que cresse... ainda que fosse no meio de um estrada... agora se tornara algo a ser ministrado apenas aos “iniciados” que aceitassem, depois de longa catequese, os ensinamentos da Igreja, e que pouco ou nada tinham a ver com o Evangelho, mas sim com as doutrinas patrocinadas pelos Concílios pagos por Constantino e com as morais propostas pelos novos sacerdotes e bispos do Imperador; todos eles sob profunda influência das filosofias gregas. O mesmo se pode dizer da Ceia (Eucarístia) e de quase todas as demais coisas que caracterizam a “entrada” de um novo “fiel” na comunidade fechada da “igreja”. Aqui já prevalecia o espírito de Mitra e dos cultos de mistério.

Praticamente todos os ritos “cristãos”, assim como boa parte de nosso calendário e cultura, são o produto das adaptações que a “igreja” fez a fim de abraçar essa nova legião de “crentes” forçados pelo Imperador (e depois pelo Império) a se tornarem cristãos.

Na realidade, nesses aproximadamente 1700 anos de sincretismo religioso e filosófico feito pelo Cristianismo, incorporou-se muito mais dos cultos e filosofias da época do que se pode imaginar. E não apenas se recebeu influência dos judaizantes e dos gnósticos, mas de tudo e todos. Até mesmo Maria acabou por ter que se tornar a Isis dos cristãos. E não somente isto. Afinal, do ano 800 para frente, grande foi à assimilação e o sincretismo que os cristãos fizeram também do Islamismo, não só de algumas das crenças nele apregoadas, como também adotando sua ideologia de “guerra santa”, como ainda hoje se vê (vide os crentes americanos e Bush).

Então, agora, depois do “Jesus inventado pelo Cristianismo”, veio o “novo Jesus”. Ora, esse “novo Jesus” é o mesmo que de acordo com o “evangelho de Judas Iscariotes”, teria conspirado com ele, Judas, o cumprimento das profecias antigas que o fariam morrer (razão pela qual Judas o teria traído); e, assim, entrar para a imortalidade como ser divino. Além disso, a história toda teria sido sustentada (falo da ressurreição) por uma confraria de parentes (irmãos, irmãs, primos, mãe, etc.) e de amigos-discípulos de Jesus.

Portanto, o “novo Jesus” é gnóstico!

E é nessa esteira que o livro de Dan Brown, o “Código Da Vinci”, se tornou a “bíblia” desse novo tempo.

O que se verá nos próximos anos será uma crescente relativização de JESUS, o dos evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João (e também de Paulo), em contraposição ao crescimento vertiginoso desse “novo Jesus”; o qual é um entre muitos; e é apenas um grande sábio; e de quem se pode e deve esperar apenas ensinamentos compatíveis com o espírito dessa Nova Era.

O “novo Jesus” está sendo construído como “ídolo” a figurar no Panteão de Maitréia (mais tarde falarei disso). Sim, Ele será apenas “ele”; e fará parte de algo maior; sendo visto apenas como mais um que veio... falar do que de Deus se pode conhecer pelo homem.

Portanto, esse “novo Jesus” não é “amigo de pecadores”, mas, entre os pecadores, é mais um deles; só que com poderes paranormais e muita sabedoria. O mais, tudo o mais, teria sido apenas um amoldamento que o Cristianismo fez a fim de torná-lo palatável para a necessidade do Império. O que em parte é verdade!

Assim, o que o Cristianismo de fato fez, agora se volta contra ele próprio. E mais: o Cristianismo não tem nem poder, nem inteligência, nem meios, nem autoridade e nem alma sincera para lidar com os discípulos do “novo Jesus gnóstico”. Sim, porque para ter tal força o Cristianismo teria que chegar negando a si mesmo e confessando o “estelionato” que ele próprio cometeu ao criar “o Jesus dos Cristãos”, o qual, não é nem promiscuo e nem gnóstico, mas é quase tão-mal quanto o diabo. Isto por que “o Jesus dos Cristãos” é caprichoso, é vingativo, é interesseiro, gosta de poder, adora ter reis entre seus crentes, detesta todos os que não são “cristãos”, e é capaz de qualquer coisa para ser visto como o Déspota da Humanidade, mesmo que para isto a sua representante na Terra, a “Igreja”, tenha que agir em seu nome como se fosse representante do diabo.

Já o “novo Jesus” é liberal, é condescendente, é humano, é sábio, é aberto a tudo, é o Irmão mais Velho da Confraria dos Entendidos. É tudo isto, mas não é Deus! Lida com o pecado como se não fosse nada; não porque seja o Cordeiro eterno que morreu pelos pecadores, mas apenas porque “ele” não vê pecado no mundo, exceto aqueles de natureza ecológica ou econômica, na melhor das hipóteses.

Sim, esse “novo Jesus” tem em Da Vinci seu melhor discípulo, e, se soberano fosse, se diria que guardou seus segredos até este último tempo, como se ele mesmo fosse o João Batista de Maitréia.

A pergunta agora é: e quem é esse tal de Maitréia?

Maitréia é o suprassumo de tudo o que é divino ou Deus!

Os crentes dessa manifestação da “síntese” de todas as divindades, dizem dela o seguinte, conforme as palavras de Luiz Paulo Deodoro:

“Maitréia. Cada vez mais ouvimos falar esse nome nos dias que correm. As mais diferentes correntes doutrinárias, espiritualistas ou não, já não passam mais por ele de maneira indiferente. Para sermos precisos, estamos falando mais especificamente do lado ocidental da Terra, pois o Oriente, principalmente as tradições tibetanas e budistas do Norte da Índia, de há muito que já conhece o símbolo do Buda Branco do Ocidente, do Avatar do Cavalo Branco, do Décimo Avatar de Vishnu, d'Aquele, enfim, que representaria a síntese de todas as manifestações da Divindade na Terra. 

O próprio nome “Maitréia-Buddha” é um nome oriental. Quem é, afinal, esse Ser, tão esperado, tão anunciado que, segundo dizem, inauguraria uma nova era de paz, compreensão e fraternidade para os homens, a tão falada “Era de Aquarius”? Diz o excelso Bhagavad-Gitâ, através de um outro Grande Avatar, que foi Krishna: “Todas as vezes, ó filho de Bhârata! que Dharma (a Lei Justa) declina e Adharma (a Lei injusta) se levanta, Eu me manifesto para a salvação dos bons e destruição dos maus. “Para restabelecimento da Lei, Eu nasço em cada Yuga (Idade)”. Assim, estamos vivenciando um momento similar àquele em que Krishna se manifestou, para restaurar o Reino de Deus na Terra, e Maitréia, portanto, vem a ser o Representante da Lei Justa e Perfeita que cumprirá, no presente ciclo, esta divina missão.

 Se atentarmos para o significado do termo “Maitréia”, começaremos a tecer um “fio de Ariadne”, que talvez nos leve a um vislumbre da realidade. Literalmente, “Maitréia” significa “Senhor dos Três Mundos”. O que significa isso? Se remontarmos à história iniciática do Egito, constataremos que já houve um ser divino, um deus encarnado, que se utilizava deste mesmo significado em seu próprio nome: Hermes “o Trismegisto”, que quer dizer “o Três Vezes Grande”. Embora os predicados sejam diferentes, a acepção é a mesma, ressaltando dois Seres, dois enviados da Divindade, que reinam sobre o número três, sobre três mundos, e que são senhores três vezes. Pitágoras afirmava: “o número três reina em toda parte, e a Mônada é o seu princípio”. 

Com efeito, o número três pode ser encontrado em todas as coisas. Corpo, Alma e Espírito é a classificação básica do ser humano. No próprio corpo físico, vemos o ternário em cabeça, tronco e membros, e estes últimos, também são divididos em três partes. As trindades divinas ocupam, em todas as teogonias, o foco central donde tudo dimana: Brahmã, Shiva e Vishnu; Anú, Hea e Bel; Pai, Filho e Espírito Santo; os Três Logos Teosóficos etc. 

Assim, ser Senhor dos Três Mundos significa ser Senhor do Universo, abrangendo todos os seus aspectos, e esse caráter de abrangência nos leva à ideia de síntese, à concepção de um princípio ou entidade que possua o caráter daquilo que é “uno” e, ao mesmo tempo, “trino”. Tudo indica que estamos diante, portanto, de algo grande, sintético, abrangente, que expressa o Triângulo Indeformável da Divindade, que, ao mesmo tempo, fecha um ciclo, uma fase da vida universal, e inaugura outro, com características renovadas, baseado em novas premissas, novos referenciais. 

Esse é, essencialmente, o papel dos Avataras, que vêm ao mundo para renovar, restaurar antigos ensinamentos, já esquecidos pela humanidade, e revelar novos aspectos da Realidade Universal, à semelhança de um professor que revisa os tópicos esquecidos e vai ensinando aos poucos, na medida do progresso de seus alunos, pontos mais avançados da matéria. Maitréia, como representante do Ternário Divino, é precisamente o oposto do ternário que representa “o contrário da Divindade”, o “inverso de Deus” (“Daemon est deus inversus”, segundo o axioma cabalístico), o triângulo caótico, mais conhecido como o Anti-Cristo. Como nos ensina o Prof. Henrique José de Souza, o Anti-Cristo “já veio nas pessoas de Hitler, Mussolini e Stalin”, que, como sabemos, foram derrotados em seus intentos destruidores. 

No eterno embate das forças cósmicas, construtivas e destrutivas, a Vitória coube ao Princípio do Progresso, da Evolução, representado por Maitréia! Mas, a humanidade ignora e nem sempre compreende os Avataras que vêm auxiliá-la a evoluir. Aferrada à materialidade e ao egoísmo, preferem ouvir a enganosa voz de seus desejos e paixões do que o Verbo Renovador dos Mestres Espirituais! Tão longe vai esse desequilíbrio que chega ela ao ponto de massacrar, crucificar e imolar Aqueles que são os seus salvadores. Ademais, na sua ignorância e limitada visão, contrapõem-nos uns aos outros, como se não fossem Eles provindos de uma única e mesma Essência Divina, que toma nomes diferentes, conforme a época e o lugar. Portanto, Cristo não é melhor do que Buda, que também não é melhor do que Maomé, e assim por diante. Todos estes grandes seres são manifestações do Deus Único. “A Verdade é uma só, embora os homens lhe deem nomes diferentes”, diz o provérbio iniciático. 

De igual modo, Maitréia expressará a mesma essência espiritual que animou os budas, os cristos e os maomés de outrora. Por isso, podemos falar, sem medo de errar, no retorno de cada um destes grandes seres, e muitos outros, através da figura de Maitréia. Ensina-nos o digníssimo teósofo espanhol Mario Roso de Luna: “(...) quanto à Krishna, Budha, Jesus, Platão, etc., foram Seres Superiores que nos deram doutrinas eficazes para que nos redimíssemos com os nossos próprios esforços. Nenhum deles fundou a religião confessional que se lhes atribui. Logo, quem fundou todas elas foi o imperialismo psíquico de seus pretensos discípulos, que, escravos do inerte dogma que criavam, esqueceram não ser religião uma crença, mas a dupla ligação de fraternidade entre os homens, segundo a sua etimologia latina (de religo, “religare”, ou tornar a ligar, etc.)”

“Maitréia é também chamado de “Kalki-Avatara”, ou o “Avatara do Cavalo Branco”“. Este é outro símbolo que se encontra no inconsciente coletivo da humanidade, acabando por ser personificado, na tradição religiosa, pela figura do “Cavaleiro das Idades”, do “Santo Guerreiro”, ou São Jorge, que mata o dragão da maldade, da passionalidade e das coisas grosseiras. Este “Jorge”, por sua vez, não provém senão do nome “Akdorge”, das lendas transhimalaias, ser que, no simbolismo universal, se confunde com o de Maitréia. 

O símbolo do cavaleiro, montado num cavalo, representa o Quinto Princípio, o Mental, dominando a natureza passional, que é quádrupla (simbolizada pelos quatro animais da Esfinge), é a “Quintessência Divina”, ou aquilo que é mais puro, elevado, e aperfeiçoado, a transcendência do quaternário terreno, que também pode ser expresso pela figura da pirâmide, que tem base quadrangular, cujos vértices, em terceira dimensão, se unem acima em um ponto, que representa, justamente, a “quinta coisa”, o “quinto elemento”, sobre os quatro básicos.

 Mas, o que é mais importante é a compreensão de que Maitréia, antes de representar um ser em carne e osso, simboliza um estado de consciência mais elevado a que os seres humanos podem alcançar. Isso significa que para que Ele seja recebido condignamente, isto é, RECONHECIDO como expressão desta elevada consciência, ao contrário do que aconteceu com Jesus, é necessário que desenvolvamos em cada um de nós, internamente, uma consciência espiritualizada, que, tanto quanto possível, se aproxime da consciência que o Grande Avatara de Maitréia representa. Descobrir Maitréia dentro de cada um de nós é a grande meta, para que possamos auxiliá-Lo em seu hercúleo trabalho de renovação da vida na Terra. E “Maitréia em nós” é o nosso Eu Interior, nosso Cristo Interno, nosso Eu Divino, que todos nós pressentimos, mas que, não sabemos, na maioria das vezes, como entrar em contato com ele e fazê-lo desabrochar.

 Este é precisamente o papel das Escolas Iniciáticas, ou seja, o de proporcionar os meios adequados, através dos quais, as pessoas, pelos próprios esforços, possam ir retirando as camadas de imperfeições, defeitos que encobrem nossa Divindade Interna, à semelhança de uma estátua de um Deus que jaz oculta sobre as camadas de mármore bruto, até que um hábil artista, provido das técnicas adequadas, possa libertá-la de seu milenar casulo. Já dizia, há dois mil anos, o grande Iniciado Paulo (São Paulo): “Padeço de dores de parto até que seja formado o Cristo dentro de vós”... (Gálatas, IV, 19), como também “Todo ser bom pode falar ao Cristo em seu homem interno” (Éfesus, III, 16/17).

 Portanto, os Avataras não devem ser encarados como “salvadores”, sem que nada façamos, por nosso esforço para sermos merecedores de tal dádiva. Ensina o conhecimento Iniciático que cada um é que se salva, segundo a qualidade de seus atos, sentimentos e pensamentos na direção da evolução. O Avatara apenas proporciona os meios e métodos para que essa evolução se realize. Tal proceder é diametralmente contrário ao conhecido “messianismo” dos que passivamente esperam “de cima” a graça que só pode se fazer presente através do esforço realizado “em baixo”. Como afirma sabiamente o grande Roso de Luna: “O messianismo foi sempre o achaque dos débeis, que esperam de um enviado a redenção, que só lhes pode vir de si mesmos. Prometeu encadeado espera Epimeteu libertador, na Tragédia de Ésquilo. Os Hebreus esperam um rei. A Idade Média também esperou pelo Cristo, e o Cristo que veio foi a Renascença, onde arte e ciência se emanciparam do jugo religioso que as oprimia”.

“A vinda do “Divino Esperado” está prevista para o início do século XXI, segundo as mais diversas fontes sobre o assunto, ou seja, é praticamente imediata. Assim, não há mais tempo a perder. Muitos afirmam que Maitréia já nasceu, outros que ainda nascerá... De qualquer maneira, este talvez deva ser o mais bem guardado dos segredos... que será revelado em tempo oportuno. Como seu nascimento e manifestação são previstos nas sacrossantas terras brasis, cabe a nós, brasileiros, papel preponderante neste grande evento. 

A “sabedoria popular”, sempre alerta, afirma: “Deus é brasileiro”. Com efeito, observamos quão abençoadas são as terras brasileiras, no que se refere às catástrofes, naturais ou não, por que passam outros países. De igual modo, é preciso exaltar as qualidades especiais de nosso povo, que se caracteriza pela tolerância, pela camaradagem, pela amizade, pela compreensão, pela criatividade, e isso significa... espiritualidade! Fomos acostumados e erroneamente educados para ver a nós mesmos segundo a ótica dos povos estrangeiros, e traçarmos os parâmetros de comportamento e referenciais de civilização de acordo com modelos importados. 

É preciso quebrar, abandonar estes modelos e romper com estes grilhões, para avançar resolutamente em direção ao esplendoroso destino que nos aguarda, descobrindo nossa própria identidade, como seres pertencentes à Pátria do Avatara-Síntese. Por tudo isso, cerremos fileiras em torno do Princípio que Maitréia representa, o Princípio da Lei Divina, da tolerância, da compreensão, do Amor-Universal, da União entre todos os povos da Terra, sem distinção de condição social, raça ou religião, para que possamos redimir este nosso sofredor mundo de seus desequilíbrios atuais, e prepará-lo para uma Nova Era de Paz e Harmonia para a Humanidade!”

Ou seja: Maitréia é o representante do tempo final acerca do qual Jesus advertiu dizendo que se diria: “Eis o Cristo!”.

E mais: Maitréia também é aquele em quem tudo subsiste, e não em Jesus. Ou seja: tudo o que Paulo diz do Cristo Eterno em Colossenses, por exemplo, só se aplicaria, de fato, a Maitréia.

Desse modo, crendo que o “Anti-Cristo” já veio na tríade maligna Hitler, Mussolini e Stalin, preparam o chão para a vinda do Anti-Cristo, que não virá com cara de Hitler, mas sim com face de “anjo de Luz”.

Portanto: “Vigiai; pois o Filho do Homem virá como o ladrão de noite”. Ou então: “Na hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá!”

Para mim estamos assistindo a construção de algo mais maligno que qualquer coisa que qualquer outro grupo de discípulos jamais viu antes. Daí Jesus ter dito que “esse poder”, se possível, “enganaria os próprios eleitos”. E o “novo Jesus” será apenas parte dessa trindade que tem em Maitréia a sua síntese suprema.

A criação do “novo Jesus” se faz necessária a fim de que, pela “Sua” abertura esotérica, “ele” mesmo se ponha como um João Batista dessa Nova Era. Isso porque o Jesus do Evangelho é Senhor de Todos, e não pode ser servo de nenhuma Potestade; pois Ele tem o Nome que está sobre todo nome!

Mais do que nunca se precisa pregar na Terra o Evangelho do Cordeiro Eterno imolado antes da fundação do mundo, assim como é essencial que se anuncie a Ordem de Melquizedeque, da qual Jesus é o Supremo e Único Pontície, pois, somente a visão de Cristo-Jesus, supra-religioso e Senhor de tudo e todos, é o que ainda pode conter as consciências modernas, ansiosas por encontrar Alguém maior do que a religião; visto que a religião, qualquer uma delas, é bem menor do que o anseio humano por encontrar algo de natureza Cósmica; e, portanto, maior do que a religião cristã.

Artigo escrito pelo Rev. Caio Fábio de Araújo


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