A
desilusão com Deus nem sempre surge de uma forma tão marcante. Para mim, ele
também aparece inesperadamente nos detalhes corriqueiros da vida diária.
Descobri que pequenos desapontamentos
tendem a se acumular com o passar do tempo. Começo a imaginar se Deus de fato
se importa com os detalhes da minha vida, ou se ele se importa comigo.
Sou tentado a orar com menos freqüência, tendo chegado antecipadamente à conclusão de que não vai adiantar. Ou vai? Minhas emoções e minha fé oscilam.
Quando essas dúvidas se instalam, estou ainda menos preparado para épocas de grandes crises. Uma vizinha está morrendo de câncer; oro diligentemente por ela. Mas, mesmo enquanto oro, fico pensando: Pode-se confiar em Deus? Se tantas orações pequenas ficam sem resposta, que dizer das grandes?
As lutas diárias da vida
parecem bem distantes das frases otimistas e triunfalistas sobre o amor e o
interesse pessoal de Deus que ouço às vezes em igrejas evangélicas. Até mesmo a
Bíblia parece confundir: contém tantas tragédias quantos triunfos. O que
podemos esperar de Deus afinal?
Certa manhã, liguei a
televisão, e ouvi um tele-evangelista
dizer: "Estou com raiva de Deus", disse com um olhar furioso. Parecia
uma confissão surpreendente da parte de um homem que havia feito carreira em
cima da idéia de "fé do tamanho da semente de mostarda". Durante
anos tinha pregado que Deus intervém diretamente em favor de seus seguidores.
Mas, disse ele, Deus o tinha
decepcionado, e ele passou a explicar. Deus lhe dera ordens para que
edificasse um grande ministério e, no entanto, o projeto se revelou um desastre
financeiro. Agora ele era obrigado a vender propriedades a preço baixo e a
reduzir programas. Ele tinha feito sua parte do acordo, mas Deus não tinha.
Algumas semanas depois vi
novamente o evangelista na televisão. Dessa vez ele estava transpirando fé e
confiança. Inclinou-se em direção à câmera, o rosto enrugado se abrindo num
amplo sorriso, e apontou o dedo para um milhão de espectadores. Algo bom vai acontecer com você nesta
semana! — disse, esticando ao máximo a palavra "bom". Era como um bom
vendedor, profundamente convincente. Alguns dias depois, contudo, ouvi pelo
noticiário que seu filho havia se suicidado. Não pude deixar de imaginar o que
o evangelista disse para Deus naquela semana fatídica.
Aconteceu com pessoas como o
tele-evangelista, e acontece com cristãos
comuns. Primeiro surge o desapontamento, então uma semente de dúvida, depois
uma reação confusa de ira ou de sensação de ser traído. Começamos a questionar
se Deus é digno de confiança, se de fato podemos confiar a ele as nossas vidas.
Sei que alguns cristãos
rejeitariam sem mais nem menos a expressão "decepção com Deus". Tal
idéia é inteiramente errada, dizem. Jesus prometeu que a fé do tamanho de uma
semente de mostarda é capaz de transportar montanhas, que qualquer coisa pode
acontecer se dois ou três se reunirem para orar. A vida cristã é uma vida de
vitória e triunfo. Deus quer que sejamos felizes e prósperos e que tenhamos
saúde; qualquer outra condição revela uma falta de fé.
O divorcio dos Pais de Richard
Fiz tudo o que podia para evitar o divórcio —
disse. — Eu tinha acabado de me tornar um cristão na universidade, e fui tolo
bastante para crer que Deus se importava. Eu orava sem parar de dia e de noite
para que eles se reconciliassem. Cheguei até mesmo a deixar a escola por um
tempo e fui para casa para tentar salvar a minha família. Pensei que estava fazendo a vontade de Deus, mas acho que tornei as
coisas piores. Foi minha primeira experiência amarga de oração sem resposta.
O fim do noivado e a frustação por não conseguir emprego
Em seguida me falou de uma
oportunidade de emprego que não deu certo. O empregador deu para trás e
contratou alguém com menos qualificações, deixando Richard com dívidas na
escola e sem qualquer fonte de renda. Mais ou menos na mesma época, a noiva de
Richard o largou. Sem qualquer aviso ela cortou o relacionamento, recusando-se
a dar qualquer explicação para sua repentina mudança afetiva. Sharon, a noiva,
havia tido um papel fundamental no crescimento espiritual de Richard, e,
quando ela o deixou, ele sentiu parte de sua fé também escapar de suas mãos.
Eles freqüentemente haviam orado juntos acerca do futuro deles; agora essas
orações pareciam piadas de mau gosto.
Dolorosas feridas de
rejeição, sofridas quando seus pais se separaram, pareciam reabrir. Deus estava
dando o fora nele assim como Sharon tinha feito? Ele visitou um pastor em
busca de conselho. Disse que sentia-se como uma pessoa se afogando. Queria
confiar em Deus, mas, sempre que estendia a mão para cima, apanhava um punhado
de ar vazio. Por que devia continuar crendo num Deus que aparentemente não se
interessava em seu bem-estar?
As Perguntas Que Ninguém Faz em Voz Alta
1. Deus é injusto? Richard havia tentado seguir a Deus, mas ainda assim sua vida se destroçou. Como seus desapontamentos se reconciliavam com as promessas bíblicas de recompensas e felicidade? E que dizer das pessoas que negam abertamente a Deus, mas assim mesmo prosperam? É uma velha queixa, tão velha quanto Jó e os Salmos, mas continua sendo uma pedra de tropeço para a fé.
2. Deus está calado? Três vezes
em que se defrontou com escolhas cruciais em sua vida educacional, profissional
e afetiva, Richard implorou a Deus que lhe desse orientação clara. Em cada uma
dessas vezes imaginou que tinha percebido a vontade de Deus, para no final
descobrir que aquela escolha tinha conduzido ao fracasso. "Que tipo de Pai
é ele?" Richard indagou. "Ele tem satisfação em me ver dando com a
cara no chão? Disseram-me que Deus me ama e tem um plano maravilhoso para
minha vida. Ótimo. Então por que ele não me conta que plano é esse?"
3. Deus está escondido? Acima de
todas, essa pergunta obcecava Richard. Para ele parecia que um mínimo irredutível,
uma questão fundamental da teologia, era que Deus devia de algum modo provar
sua própria existência: "Como posso manter um relacionamento com uma
Pessoa que nem mesmo sei se existe?" No entanto, para Richard parecia que
Deus havia-se escondido de propósito, até daqueles que o procuravam. E,
naquela madrugada dramática, quando a vigília de Richard não obteve resposta,
ele simplesmente não quis mais saber de Deus.
Em momentos de crise
esperamos uma ação sobrenatural de Deus, todavia nos surpreendermos quando
ouvimos uma voz doce e suave nos chamando para sair da caverna.
O fato é que
não estamos acostumados a parar, para ouvir o que Deus tem a nos dizer, e por
isso não ouvimos a sua voz. Lembro-me de
um amigo que estava com o casamento marcado, todos os moveis comprados, já
havia recebido vários presentes, entretanto Deus falou que não era para ele se
casar com aquela moça.
O jovem Jó
terminou o noivado, e devolveu todos os presentes que tinha ganhado, a família
da noiva se revoltou contra ele, pois não havia motivo aparentes para o
rompimento do noivado faltando apenas 15 dias para o casamento. Contudo o
que ninguém sabia é que a jovem tinha um caso com o seu ex-namorado que estava
preso, o visitando frequentemente na cadeia.
A grande causa das nossas decepções com Deus ocorre por que não somos
obedientes quando ouvimos sua voz.
Mas, quando a pessoa é obediente, e Deus não responde a sua oração?
Existem perguntas que não precisam de
respostas, pois Deus é tão sábio que até no silêncio Ele nos ensina. Entretanto as pessoas querem que suas orações
sejam respondidas na mesma rápidez que um fast-food é feito. As nossas expectativas estão fundamentadas
na religiosidade e não em um relacionamento sincero e profundo com Deus.
Jesus o Deus-encarnado é o modelo fiel do
Pai, e quando as pessoas queriam que ele realizasse algum milagre, ele não
fazia, enquanto as pessoas matavam para ter fama Jesus queria se esconder atrás
do anonimato.
Portanto entendo o sentimento de frustação
quando uma oração não é respondida, mas será que o pedido está de acordo com a
vontade de Deus ?
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