Há dias e dias; assim
como há temporadas boas e más. Há tempos de ventos contrários e estações de
ventos a favor.
Em geral, no entanto, os tempos são feitos das intensidades
de material existencial que oferecemos; e carregam marcas comuns a eles.
Há ocasiões em que tudo é saúde.
Mas a saúde é silenciosa como silencioso acerca de si mesmo é
todo corpo sadio.
Há ocasiões em que tudo dói.
E dói em muitos à nossa volta, como se pelo vínculo e pela
proximidade de coração, as dores de um se encadeassem às dos demais, e, assim,
sem padrão de identificação de algo comum nos detalhes, surge, todavia, algo
comum no geral, que é a estação de dores diferentes embora existindo
compartilhadas.
Há pessoas, no entanto, que vivem essas estações de modo
inconscientemente deliberado.
Ora, como pode algo ser inconsciente e ao mesmo tempo
deliberado?
A deliberação do processo inconsciente acontece à revelia do
desejo confessado do indivíduo; pois, nesses casos, para fora, mediante o uso
da consciência como expressão “de palavra” falada, o que se diz é que “se teme
tais coisas”; porém, o processo inconsciente responde ao temor (que no caso é a
pulsão prevalente); e demonstra que não intenta obedecer ao medo confessado;
antes o abraça como elemento a ser processado e devolvido ao consciente como
invocação do temor como calamidade confessada com a boca; e muitas vezes
repetida em palavras, tanto quanto também encenadas, de tal modo que “o script”
passa a existir como energia solta e pegajosa do lado de fora, atraindo os
idênticos ou os predadores daquele estado de espírito (isso de um lado da
situação que descrevo). Porém, no lado de dentro (o outro lado), o inconsciente
convence a pessoa acerca de que ela é aquilo que teme; e, portanto, faz a
pessoa se candidatar a conhecer aquilo que diz ter pavor de encontrar; ao mesmo
tempo em que assim o faz em razão daquele estranho sentimento infantil que leva
a criança a amar morrer de medo e de assombração, enquanto chora de
pavor e pede mais... — na idade adulta, esse antigo sentir tem seu similar, o
qual cria aquilo que na infância é somente fantasia masoquista de quem está tão
fascinado pelo medo, que prefere sofrê-lo a não conhecer as proximidades do
mistério que ele promete como pavor. É uma pulsão da Árvore do Jardim onde a
Serpente assombrava e fascinava. Entretanto, em adultos, o que na criança é
gozado, se torna monstruoso nos estragos que provoca.
Assim é que existem as estações da vida em que aquele que tem
medo enfrentará seus temores em razão da deliberação do inconsciente de não
deixar de atender ao pedido de mais assombração, ainda que se chore dizendo que
não se quer mais...
— “Chega!!!!!!!! Mais... mais... não, não, chega, ah,
mais...”.
Muitas vezes as agendas das dores se encontram em estações
que se tornam subitamente comuns para muita gente que se ama entre si; e nessas
ocasiões o amor tem que encontrar todas as soluções da
presença que precisa se multiplicar na mesma qualidade e conforme a relação; e
isto entre muitos.
Entretanto, até aqui tudo bem. Afinal, o que me preocupa
dizer é que há pessoas que atraem toda sorte de calamidades e sempre conforme o
medo delas.
Mas aquele que anda sem medo em razão da sua confiança total
no amor de Deus por ele, esse atrai tudo que é bom.
Medo e fé são os pavimentos de todos os caminhos humanos, e a
jornada vai se tornado conforme o chão de pensamentos no qual se pisa.
O caminho do homem acaba sempre por tomar a forma de seus
pensamentos e sentimentos. E quando o mesmo espírito negativo ou positivo se
torna comum a uma família ou a um intimo grupo de pessoas, às vezes surge um
processo de intercomunicação coletiva inconsciente, e o resultado é um
surto em cadeia da mesma qualidade do que seja prevalente no espírito comum.
Desse modo o caminho pavimentado com fé sempre
será promotor de uma jornada de aventura e de venturas, mesmo quando dói ou
doer.
Mas o caminho daquele que o pavimenta com medo,
será sempre feito de areia movediça, buracos, covas perigosas, despenhadeiros,
e muitas conspiração adversária na jornada do individuo que também vai se
tornando paranóico.
Assim, mais do que nunca o essencial é ter-ser-fé.
Ter fé é muito bom, mas pode ser mais.
Ora, esse “mais” acontece quando a qualidade da fé evolui
para a dimensão do ser, de tal modo que o homem deixa de ter fé e passa a ser
um ser da fé e em fé, e isso de modo tão simples e singelo que se torna algo
como respirar.
O fato é que uma boa mente, cheia de fé e da alegria do
Espírito Santo, altera tudo, a começar do próprio cérebro, que é estimulado em
áreas que secretam todas as melhores substancias químicas promotoras de bem
estar e coragem.
Além disso, o próprio sistema imunológico passa a estar mais
pronto para o combate micro-biótico.
No entanto, no tocante às emoções, aos afetos, e, sobretudo,
aos processos psíquicos, uma boa mente, lotada de tudo o que é bom e puro, de
tudo o que é louvável e de boa fama, de tudo o que edifica e promove a paz,
torna-se o agente humano mais profilático que se possa conhecer; sendo,
portanto, em tal caso, justa a afirmação que deveria dizer: “Mente sã, corpo
são”; e isto muito mais corretamente até do que universalmente se popularizou
dizer, que é: “Corpo são, mente sã”.
Sim! Porque o processo não é somaticopsíquico, mas sim
psicossomático.
Cuide de seu humor, de sua atitude; e não negligencia a
alegria e a esperança. Pois, é pela fé alegre, pela esperança rica, e pelo amor
simples, que o chão de nosso caminhar pode ser pavimentado, e em tal pavimento
não há tropeço, posto que nele, até quando se cai já se cai nos braços do Pai e
dos irmãos.
Este é mais um convite da Graça!
Você vem?
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