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terça-feira, 28 de agosto de 2012



O DIABO HUMANO


Jesus disse que viu Satanás caindo do céu. E isto enquanto os 70 discípulos enviados por Ele para pregar o Evangelho, curar os doentes, e anunciar o reino de Deus, iam de cidade em cidade, apenas levando quase-nada além de si-mesmos, porém inteiros de alegria e fé.

Paulo diz que na Cruz Jesus “despojou os principados e potestades espirituais, triunfando deles...”

Já o Apocalípse nos diz que chegaria uma hora na qual Satanás seria lançado na Terra... Então se diz: “Ai da Terra e dos que nela habitam!”

Pessoalmente creio que estamos vivendo existencial, psicológica, tecnológica, política, econômica, ecológica e espiritualmente — em dias apocalípticos!

Isto porque, além de todas as evidências esmagadoras que nos cercam como “fato-de-morte”, e que hoje são afirmadas não por profetas e videntes, mas por cientistas de todas as áreas —, temos algo mais sério ainda em curso; e que nenhuma ciência parece perceber a gravidade de morte que ela trás consigo.

Escrevendo a Timóteo, na segunda carta, Paulo diz no capítulo 3 que nos “últimos dias” os homens, para além de qualquer outra coisa, perderiam o afeto natural. E afirma que a morte da afetividade faria perecer com ela a reverência e a honra a pai e mãe; o que traria à reboque um estado de desafetividade que acabaria por produzir uma sociedade global feita de homens e mulheres implacáveis, egoistas, narcisistas, amantes apenas de si mesmos, e incapazes de aprender-apreendendo a verdade no íntimo; o que gestaria almas em crescente estado de auto-indulgência e uma quase total incapacidade de amar.

Pois assim como em Jesus vai-se de glória em glória até a estatura do varão perfeito; no diabo se vai de desfiguração em desfiguração até ficarmos a cara de Satanás.

Ora, tudo isto combina com o que Jesus disse ao se referir a tais “dias”; pois Ele nos disse que “naqueles dias os homens odiariam, trairiam, e matariam uns aos outros...”; e afirmou que os “inimigos do homem seriam os de sua própria casa”; completando com a afirmação que afirma que “por se multiplicar a iniquidade”, o amor se esfriaria “de quase todos”.

Assim, com o diabo caído na Terra e com fome de morte; e com os homens se tornando semelhantes ao diabo e cada vez mais dês-semelhantes de Deus — o futuro dos humanos é sombrio!

Na realidade, como não se pode estudar as ações do diabo na Terra, posto que o próprio diabo está limitado ao “fornecimento” de material espiritual, moral e cultural que a humanidade lhe oferece, o que fica visível aos olhos não é o diabo no homem, mas sim o homem no diabo.

Sim, porque de fato o homem está virando diabo!

Cada vez mais o melhor modo de saber como é o diabo é olhando a humanidade. Isto porque o diabo (diabulos) é aquele que divide; e Satanás é aquele que se opõe; ou seja: é o adversário.

Ora, olhando para qualquer lugar da Terra e observando os humanos, tem-se que admitir que a humanidade existe cada vez mais em razão das divisões e das guerras de todas as formas e maneiras. Vivemos numa sociedade dividida e na qual o outro é o inimigo; e isto indo da religião, passando pelas relações humanas em geral (especialmente as que envolvem sexo, dinheiro e poder), e chegando ao mercado de trabalho, pois o concorrente já nem mesmo tem que ser vencido; de fato ele tem que ser aniquilado.

Além disso, a morte da afetividade, do respeito aos mais velhos, da reverência aos pais, do amor dos pais pelos filhos, da fidelidade, da gentileza, das educações mais banais, da solidariedade, da honestidade, da dignidade pessoal, do respeito pela existência de qualquer que seja o próximo — foi o poder-ausência que criou essa humanidade da qual somos parte; e que é feita de diabos, quase em sua totalidade.

O espírito do diabo está tão presente e imanente na maioria das consciências humanas, e até naquilo que entre nós se chama de Direito, Justiça e Crença, que já não se deve praticar qualquer tipo de “batalha espiritual abstrata”, posto que os demônios estão andando ao nosso lado todos os dias, em todos os lugares; e não são espíritos invisíveis, mas cobertos de carne, pele e ossos...; e muitas vezes travestidos até de “cristãos”.

A tragédia “destes últimos dias” é que a humanidade vai perdendo a “imagem e semelhança de Deus”; e, dia a dia, vai se tornando mais e mais parecida com o próprio diabo.

E isto não é algo que deve ser dito apenas aos distantes e diferentes... “de nós”.

Não! Isto deve ser dito a nós mesmos; e dentro de nossas próprias casas, famílias, igrejas e governos; e também a cada forma de expressão humana que nos cerca; pois, em quase todas elas, vemos sutilmente os humanos ficando a cara do diabo; e isto sem que o percebamos.

Basta ver o que existe em você. Sim, procure por amor, perdão, graça, misericórdia, compaixão, reverência, gentileza, bondade, alegria simples, e também pela fé que opera pelo amor —; sim, dentro de seu coração busque tais coisas; e, não achando tais coisas enraizadas em você, olhe para os céus e peça misericórdia a Deus; e isto a fim de que você e eu não sejamos tragados pelo bafo do inferno que seca a umidade do amor no chão da alma humana.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012






CIÚME: A BESTA DO “AMOR”!


A frase de Paulo “o amor não arde em ciúmes” acaba com muitos dos disfarces de amor que, pelo ciúme, vestimos no nosso engano ou autoengano.

É muito ciúme a encharcar as nossas almas adoecidas!

Sim; e tudo feito em nome do amor; de um amor que é tudo, menos amor; e que seria mais bem designado como posse, ou poder, ou controle, ou vaidade, ou insegurança, ou propriedade, ou carência, ou medo, ou mesquinharia, ou idolatria afetiva, ou culto ao sangue familiar, ou sentimento narcisista, ou implicância, ou antipatia, ou simplesmente de maldade.

Assim, deve-se não apenas pensar no ciúme que nasce no coração de cônjuges ou namorados frágeis ou mesmo supostamente donos daqueles a quem pensam amar, mas, também, incluir em tal lista de enciumados os amigos, os pais, o avós, os tios, os parentes, os irmãos, os filhos, os patrões, os pastores, e todo aquele que diz que sente ciúmes do que ama, gosta, lhe pertence ou é seu há mais tempo...

Esses tais são os que acham que amor e relacionamentos são baseados em usocapião.

Vejo, não apenas entre cônjuges e namorados os classicamente detentores do direito mortal ao ciúme, mas também entre outros como os que acima mencionei  a doença do ciúme e suas expressões desgraçadas de amor falsificado.

São pais com ciúme do amor que seus filhos recebam de outras figuras paterno/maternas, como se ter um filho amado ou que ame a outros com qualidade que expresse um tipo de ligação filial/paterna fosse uma desgraça, uma perda, uma blasfêmia; ou são avós sofrendo da mesma mesquinharia de alma, quando sentem que seus netos amam outro que igualmente os ame, com amor de qualidade semelhante ao que vincula netinhos e avós; ou irmãos que passam a odiar aqueles que recebam e doem fraternidade e irmandade aos seus irmãos de sangue [sangue!... grande porcaria!]; ou amigos que fiquem loucos de raiva contra todo outro amigo do amigo supostamente amado; ou parentes que passam a antipatizar qualquer um que seja objeto de amor equivalente ao que se dê a um bom tio, tia, primo, ou relativo, sem que nada oficial ou sanguíneo una o tal “parente afetivo” àqueles aos quais os supostos parentes de direito devotem amor enciumado como sendo um ente/objeto da família...

No caso dos patrões, pastores, ou pessoas que exerçam influencia sobre outras, não é nem em nome do amor que sentem seus ciúmes, mas em nome de uma fidelidade adquirida pela vinculação institucional, o que faz de tal ciúme algo equivalente ao ciúme de um dono de fazenda pelas suas vacas e crias no pasto.

Sou filho de uma família na qual havia os filhos e os afilhados, desde os meus bisavós; e ambas as categorias se tornavam a mesma coisa para o coração; posto que tanto os filhos quanto os afilhados, os que tinham laços de sangue e os que eram filhos do afeto sem DNA, fossem igualmente amados e aceitos por todos.

Meus avós, paterno/materno, praticaram isto a vida toda. Cresci ouvindo meus pais se referirem aos afilhados de seus pais como irmãos, e amando-os como tais. E mais: eram contados na soma dos filhos dos meus avós e como irmão deles; digo: dos meus pais e tios.

Quando conheci o reverendo Antônio Elias e sua esposa, Maria José, depois de um tempo, passei a chamá-los de pai e mãe, e nunca senti que meus pais se achassem diminuídos por isto; afinal, era amor; e mais: meus pais me amavam de fato, e, portanto, pela lógica do amor, amavam também a todos os que genuinamente me amassem e eu a eles.

Mas o que vejo toda hora [...] são filhos zangados com os pais se eles amam outros entes [ou enteados] como igualmente filhos; ou tios irados contra novos tios do afeto; ou amigos sentindo-se traídos por novas amizades de seus amigos; ou avós enlouquecidos pelo fato de que seus netinhos tenham avós do coração; ou pais separados que não admitem uma relação de amor entre seus filhos e os novos cônjuges de seus ex-cônjuges; ou pais se sentindo diminuídos pelo fato de os filhos passarem a amar e ser amados pelos seus sogros como filhos a pais e vice-versa; etc...

Para tais pessoas [...] parece que o melhor cenário seria aquele no qual seus filhos/pais/netos/amigos/parentes [etc...] fossem desprezados em cada nova relação fora daquela que com eles acontece.

Sim! Este é o tipo de amor que dizem ser amor e que por eles é sentido!...

Deus me livre de tal amor, venha ele de onde vier. Não o quero. De fato, o abomino!

Que amor é esse que não ama também àqueles aos quais os que amamos venham a amar ou por eles venham a serem amados numa qualidade sublime de amor?

Ora, é fácil dizer: não é o amor que faz tais demandas, mas sim o sentimento mais animal e demoníaco possível; o qual é inferior ao que existe na natureza dos instintos entre muitos animais, em meio aos quais, por exemplo, uma tia aliá [elefanta] cria um elefantezinho como mãe, etc...

Assim, digo a você:
Não se submeta às cobranças de ciúmes loucos feitas em nome de amores que odeiem  ou que detestem aos que amem você, e ame com amor sadio e verdadeiro!

Sim; pois aceitar que assim seja é abraçar doenças como se virtudes fossem.

Eu jamais me submeti e nem me submeterei a essa baixaria menor do que animal; pois, se amo, também amo a todos aqueles que amam aos que amam; assim como não aceito que aqueles que digam me amar demandem que meu amor se encolha para mais amores nesta vida.

O principio bíblico é simples:
Aquele que ama o Pai, também ama a todo aquele que Dele é nascido; ou seja: a todo outro a quem Ele chame filho e a Ele chame de Pai!

O que passar disto vem do diabo!

O diabo é que ensina esses amores do inferno em nome da posse, do sangue, do DNA, do direito, ou de qualquer outro pretexto anti-vida.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012


VOCÊ ESTÁ DESVIADO?

O Caminho de Deus em nós vai do pesado para o essencial. Vai da total dependência a outros até que se chegue apenas à total dependência de Deus!

Nascemos e somos completamente dependentes de cuidados de outros. Nossos pais e ou nossos guardiões nos são essenciais. Sem eles não sobrevivemos. No entanto, chega a hora em que ficarmos menos e menos dependente dele será a nossa saúde e salvação nesta existência. Enquanto moramos com eles ou somos por eles sustentados, temos que lhes ser dependentes, pelo menos no que diz respeito às decisões que pretendemos tomar na vida. Entretanto, vem a hora quando a saúde de ser nos compele a vivermos de nosso próprio sustento, e, além disso, impõem-se a necessidade de termos nossa própria casa e família. Então, deixamos pai e mãe, nos unimos a outro, e fazemo-nos com ele ou ela uma só carne.

Com Deus é assim também. No início precisamos de muitos ajudadores espirituais. Sem eles somos como recém-nascidos indefesos neste mundo. Necessitamos que nos sirvam o genuíno leite espiritual. Chega a hora, todavia, que se espera que cada um cresça o suficiente para não mais dependermos de outros, mas apenas os reconhecermos como família espiritual, embora nossa vida seja vivida para além da necessidade de que outros nos sirvam. De fato, instala-se em nós outra a necessidade, que é a de servi-los.

Na viagem espiritual nascemos de Deus, mas precisamos muitos dos nossos guias e ajudadores na fé. Depois, no entanto, se espera que cada um cresça a fim de andar com as próprias pernas como resultado de nosso vínculo adulto com Deus na fé.

Daí em diante nossa relação com nossos pais espirituais passa a ser de carinho, gratidão e reverencia, mas já não de dependência. O mesmo se diz dos demais irmãos. Sim, os amamos e gostamos de com eles estar, mas já não por dependência. Surge apenas a alegria de amá-los e de servi-los. Todavia, já não necessitamos de ninguém para que sobrevivamos, talvez, exceto, no meio de uma grande crise ou calamidade. Espera-se que cada um aprenda a cuidar de si mesmo e de outros. E também espera-se que tenha na maturidade de seu casamento com Deus a sua própria segurança no caminhar.

Esse é o caminho para a maturidade tanto humana quanto espiritual!

Todavia, na maioria dos casos não é assim. E a razão é que “nossos pais”, no caso a “igreja”, nos “educam” para que jamais tenhamos tal autodeterminação em Deus. Desse modo, não somos educados para a vida, mas para a “igreja”. Daí a “igreja” criar eternos dependentes de si mesma, visto que pretende que seus “filhos” vivam sob suas asas; e mais: que a sirvam como filhos/escravos até ao fim da vida.

Seria como se cada crente fosse  um adulto na idade, mas que vive com a atitude emocional de um bebê. Nesse caso, se qualquer coisa acontece [e acontece o tempo todo], a pessoa morre; posto que nunca aprendeu a viver de Deus e com Deus!

A “igreja” não quer que seus filhos se tornem adultos filhos de Deus!

Na realidade, a “igreja” cria filhos para ela mesma, não para Deus e nem para a vida. E, por esta razão, os filhos da “igreja” têm nela o seu “Deus”; e, nesse caso, jamais crescem para deixar pai e mãe, quando a idade chega, a fim de viver a vida com outra consciência.

É também por esta razão que os “crentes” vivem sem Deus no mundo o tempo todo; posto que a “igreja” [ou mesmo a Igreja], não seja Deus, mas apenas a família da fé.

Por esta razão, quando alguém se decepciona com “a família”, desvia-se de Deus; posto que para o crente a “igreja” é um “Deus”. É também por esta razão que todo crente que não esteja na “igreja” [por qualquer que seja a razão], sente-se desviado de Deus, além de que se declara que ele está de fato “afastado de Deus” em razão de não estar frequentando as reuniões “de família”, ainda que “família” seja louca ou totalmente tirânica e adoecida.

A verdadeira Igreja tem que ser como pais bons e conscientes que criam filhos para a vida em Deus!

Mas, infelizmente, não é assim na maioria dos casos. Afinal, o Cristianismo, em qualquer de suas versões, é Católico/Constantiniano, posto que ensine que “fora da igreja não há salvação”.

O problema é que muitos não têm essa compreensão, e, quando enxergam as “loucuras da família” afastam-se do convívio humano adoecido, não buscam mais nenhuma outra comunhão humana, e, no processo sentem-se separados de Deus para sempre!

Cada um de nós precisa de comunhão humana, tanto quanto se precisa de vínculos familiares. No entanto, mesmo que os nossos pais nos abandonem ou nos traiam, diz o Senhor: “Eu te acolherei!”.

Mais uma coisa: todos os que assim discernem a vida em Deus, nunca ficam órfãos de irmãos!

sábado, 11 de agosto de 2012



NO MUNDO... EXISTINDO ENTRE O CÉU E O INFERNO!

Leia Efésios 2 e II Coríntios 3

Ficamos tortos na nossa essência, que se tornou, assim, pecaminosa, e, por isto, deliberamos pecar...; ou, quando não seja assim, quando não pecamos por deliberação, pecamos por sentimentos, interpretações, emoções, omissões, e, muitas vezes, até à revelia da nossa vontade consciente, ou seja: por impulso; tamanha é a profundidade inconsciente de nossa corrupção essencial.

Assim, em nossa carne trazemos a transgressão como inclinação, como propensão, como desejo latente. Todavia, além disso, a soma de todos nós, o nosso conjunto humano, a sociedade, a civilização, ou, como diria Paulo, “o curso deste mundo”, cria um Superego de fatalização de desobediência para nós, fazendo com que consciente ou inconscientemente nos ponhamos na condição de necessidade de adequação à transgressão como inserção e pertencimento à norma humana e social; e isto até nas coisas que a coletividade celebra como boas; coisas como a justiça, que de fato se manifesta como vingança; ou a honra, que nos dá o direito ao revide; ou a dignidade, que nos obriga a responder à altura do que seja “digno”; ou a moral, que é a justificadora de todas as demandas que realizam o poder do mal em nome da norma, da maioria, do linchamento.

Entretanto, para além da nossa individualidade pecaminosa e da soma dos nossos sentimentos, movimentos e acordos sociais ou consentimentos [ou mesmo desacordos] que se tornem fenômenos coletivos, formando o Inconsciente Coletivo. Existe ainda uma camada superior, a qual o Evangelho chama de “regiões celestes”, ou de “principados, potestades e poderes”, os quais, negativamente, são os grandes interventores invisíveis, os quais habitam camadas de mundos paralelos, que, no linguajar de Paulo, são as “regiões espirituais do mal”.

Ora, tais poderes têm seu poder por enquanto limitado ao relacionamento entre o que eles nos propõem e nós aceitamos, ou àquilo que nós, da nossa própria vontade, desejamos, e eles emulam e superlativizam, criando termos de expressão de tais realidades em perspectiva não apenas maiores na intensidade, mas também coletivizadas.

Tal acontece sem que nós mesmos saibamos como essa coisa se universalizou tão rapidamente, e isto muito antes de haver “mídia”, posto que com o fenômeno das mídias tecnológicas esses poderes tenham ganhado um poder de difusão incomensurável na construção do Inconsciente Coletivo e no fortalecimento do mundo paralelo designado como “Principados e Potestades”.

Assim, temos a individualidade humana essencialmente corrompida e egótica; mais a soma das individualidades formando a coletividade; e ainda a soma inconsciente da coletividade criando o Inconsciente Coletivo; e os animadores do Inconsciente Coletivo, os “principados e potestades do mal”, que, num efeito bumerangue, também são os emuladores dos nossos desejos individuais, sem que com isto a fonte do desejo deixe jamais de ser o próprio homem, escravo de sua própria cobiça; a saber: a concupiscência da carne, dos olhos e a soberba da vida.

Este é o intrincamento básico do que o Evangelho chama de “mundo”, negativamente falando, ao mesmo tempo em que afirma que tal realidade/sistema/mundo jaz no maligno”; ou seja: existe sob a batuta do diabo.

Foi por isto que o próprio diabo disse a Jesus: “Tudo isto te darei [os poderes deste mundo] se prostrado me adorares”.

Foi acerca de tal interconexão dimensional que Jesus pediu ao Pai que Seus discípulos ficassem livres [João 17], embora tenha também rogado que isto não produzisse alienação social; ou seja: livres do mundo sistêmico, porém inseridos na humanidade; e mais: discernindo a diferença entre as camadas presentes no fenômeno mundo.

Ora, no que nos diz respeito, além de discernirmos esse tal vértice de dimensões, temos que saber que o emulador radical de tudo isto, no que nos concerne, não tem que ser visto como o poder dos mundos paralelos, mas sim o poder que na nossa natureza se corrompeu contra o amor; ou seja: o nosso pecado, e a nossa tendência a o chamarmos de “meu direito de ser”.

Paulo chama esse surto do “direito de ser” como algo que de fato decorre de entregarmo-nos a fazer a “vontade da nossa carne e dos nossos próprios pensamentos”.

A fórmula de tal engano é:
Eu sou...; logo tenho direito de ser como puder e conseguir ser; e tenho o direito de buscar me realizar ao máximo!

Ou ainda:
Eu sou...; logo tenho o direito de um deus, e de ser conhecedor do bem e do mal!

Paulo diz que enquanto o padrão do nosso pensar/agir/interpretar/comportar for esse, somos entes “vivos/mortos”; ou seja: somos apenas entes existentes, porém mortos no paradoxo do existir; posto que existamos contra a vida; contra o que Deus designa como vida humana; visto que por tal via apenas sejamos entes pulsionais, mas não viventes; e isto em razão de que o Deus chama vida é aquilo que existe por, pelo e para o amor; o que é algo diametralmente oposto ao existir humano universal.

Então, em meio a tal tragédia, surge um “Mas Deus...”

Sim, “estando nós mortos...”; sim, “estando nós vivendo como filhos da ira e da desobediência”; sim, “estando nós fazendo a vontade da carne e dos pensamentos”; sim, estando nós sendo usados como médiuns “do espírito que agora atua nos filhos da desobediência” ao mandamento do amor de Deus  fomos do Nada, de Graça, objetos do amor inefável; sim, de um amor que é totalmente alienígena, que não decorre de causa e efeito; visto ter sido arbitrariamente decido pelo Pai, sem que fosse emulado por nenhuma obra humana; ao contrário, apesar da nossa inimizade contra Deus, Ele, Deus, agiu contra nossa inimizade, conforme Jesus disse que o Pai é; ou seja: amando os inimigos, intercedendo pelos que O perseguem, e dando a vida pelos que odiavam o Seu chamado ao amor!

Ora, somente a revelação dessa Graça, desse Favor Louco e Indecente, é o que pode nos abrir os olhos. Sim, é uma revelação que nos abre o entendimento; e sem tal revelação, nada e nem ninguém consegue de si mesmo ver; e, portanto, quebrar o fluxo da morte/existência em sua pseudo-vida!

E como essa graça é Graça mesmo, ela pode acontecer de modo explicito, mediante o anuncio do Evangelho, assim como ela pode acontecer de modo implícito, quando o poder da Luz do Evangelho alcança pessoas que não ficam sabendo da Informação Histórica do Evangelho, mas aderem ao mistério da sua pulsão [do Evangelho], na forma da rendição ao amor como dogma do viver.

Sem tal milagre todos vão existindo como filhos da ira e da desobediência, embora, na Cruz, Deus já tenha se reconciliado com todo o mundo!

Ora, a reconciliação de Deus com o mundo apenas retira do mundo a Ira de Deus, mas não muda o homem no seu existir como um filho da ira e da desobediência.

Por isto é que se diz que Deus nos constituiu embaixadores dessa reconciliação, pela qual devemos clamar ao mundo, rogando a todos que aceitem e vivam uma vida reconciliada com Deus, o Pai de todos!

Mas nem por causa disso o mundo está salvo. Afinal, cada individuo é livre para decidir existir contra o amor até ao fim; e digo: ... até mesmo depois do que nós chamamos de “fim”; ou seja: mesmo depois de “morto na carne”; posto que com todas as luzes acesas sobre sua consciência [numa dimensão que está para além de nós], pode ainda o indivíduo decidir não amar o amor; e, assim, morrer em si mesmo, caindo no Inferno; o qual, para o homem, é a dimensão de suas escolhas livres contra o amor; sendo, portanto, um existir sem vida, pois, somente existe vida no amor de Deus.

Assim Paulo clama:
“Pela Graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem de obras para que ninguém se glorie”.

Todavia, quando a revelação da Graça/Gratuita [bendita redundância] nos alcança, o ser de fato muda; e já não sabe mais viver em atendencia ao fluxo deste mundo, nem tampouco para ser continente para com sua natureza caída; posto que nele se instale a consciência do significado do que seja vida e do que para o quê ele foi criado; ou seja: para tornar-se um filho de Deus conforme o Filho de Deus; ou posto de outro modo: para viver segundo Cristo neste mundo.

Este é o Evangelho; sim, tanto para a vida quanto para a morte!
Pense nisto neste dia chamado Hoje!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

QUE A AMARGURA DA INGRATIDÃO NÃO ENTRE EM VOCÊ!


Quem quer que ajude outro na esperança de que isto lhe será crédito de gratidão no coração ajudado, muito se frustrará; pois, quando a alma do ajudado é doente de amargura, inveja e déficit de amor, toda ajuda será humilhante, mesmo que a pessoa peça e agradeça, posto que no dia em que você não esperar [possivelmente em dia de necessidade sua], tal ou tais pessoas se levantarão contra você quase que com certeza.

Somente recebem ajuda como ajuda e com alegria grata os que tiverem entendido o espírito da Graça de Deus no Evangelho, ou aqueles que forem também capazes de, amando, fazerem a mesma coisa por outros, e sem esperar recompensa.

Todo ajuda que espere recompensa, ou que seja feita ao que a recebendo se sinta endividado ao que o ajudou, produzirá um espírito perverso. Acerca de tal espírito se teria que perguntar à pessoa amargurada pela bem recebido: “Por que a minha ajuda fez você me odiar tanto?” — Porém, se assim você fizer perderá toda razão e será odiado com “justa causa” pelo amargurado.

Entretanto, é bom que se diga que há pessoas que somente ajudam se o ajudado ficar se sentindo em débito. Nesse caso, tanto ajudador quando ajudado se merecem na amargura de dar e de receber.

Só vale a pena ajudar as pessoas se elas, à semelhança da recomendada ignorância de minha mão esquerda em relação ao que faz a direita, não sentir que o que recebeu ficou como crédito para o que ajudou, posto que o ajudador tenha se esquecido do bem como “bem” e dele só tenha a memória da alegria de ter podido ajudar.

Em geral a pessoa que mais odeia uma outra é a que foi muito ajudada; e, como disse, isso pode acontecer apenas em razão do espírito amargo de quem recebeu. Porém, entre essas pessoas encontram-se também as que se sentem ofendidas pelo referencial de vida e coração de quem ajudou, ainda que também possam se sentir mal por causa de simples inveja; ou mesmo em razão de se sentirem diminuídas pela necessidade de necessitar de ajuda.

Ora, apesar desses riscos estarem presentes em toda ação de ajuda, a recomendação do Evangelho é para se faça o bem sem esperar recompensa, sem fazer o outro sentir-se endividado, e sem “empréstimo”, pois, o ato de ajudar deve libertar o outro e não mantê-lo preso à “gratidão dos amargurados”, que é ódio.

Se eu fosse parar de fazer as coisas em razão do troco de amargura que posso receber [e já recebi aos milhares], há muito que minhas mãos teriam secado quanto a terem vitalidade para ajudar.

Por isso se diz: “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem”.





SOMENTE EM CRISTO DEUS PODE SER DISCERNIDO COMO AMOR


Não é possível conhecer a Deus em um vínculo de confiança sem iluminação da Graça.


Porém, pela Natureza, chega-se apenas ao “crer em Deus” como Algo, não como Alguém que é Amor.

A Natureza dá testemunho esmagador de Deus como Necessidade ao Sentido do Existir. Mas dificilmente alguém vai além disso...

Por isto as crenças em Deus que não vêm da Revelação de Deus sobre Si mesmo não passam do Fato/Fator/Deus.

Sim, pois como aos sentidos humanos a Natureza parece ser Impessoal, o máximo que se depreende de tal encontro com Deus na Natureza leva a mente humana ao mais puro budismo, mas não cria a consciência de que Deus é Pessoa, é amor.

Como diz Paulo em Romanos 1 [...] a Natureza tem o poder de acabar com a idolatria de si mesma quando se a percebe como criação divina. No entanto, tal percepção não enternece ninguém, sem uma revelação adicional e pessoal, ao ponto de conduzir alguém a um vinculo com o Alguém/Amor.

Daí a revelação de Deus aos Hebreus ter sido tão especial e divina. Sim, pois onde quer que a divindade seja uma pessoa, em geral surge o politeísmo como decorrência da pessoalidade do divino.

Um só Deus e que seja também Pessoa absolutamente Única e Amorosa em Verdade e Justiça Misericordiosa e Imparcial, somente nos alcança se algo para além de nós mesmos se manifestar.

Do contrario, na ideia da divindade pessoal surge a pluralidade que decorre da projeção das nossas pessoalidades, e, assim, Deus se torna deuses...

Sem a revelação de Deus sobre Si mesmo, toda ideia humana sobre um deus/pessoa conduz invariavelmente à idolatria das pessoalidades tão múltiplas quanto as nossas projeções dos humanos, surgindo assim os deuses de projeções de pessoalidades.

Daí tais deuses serem sempre iguais a nós, carregando nossas ambiguidades e ambivalências...

Quando chegamos a Jesus — Eu e o Pai somos um — temos algo tão para além da compreensão..., que não nos é possível compreender por meios próprios. Sim, por todas as razões DEUS EM CRISTO é um absurdo, mas, sobretudo, pelo fato que Esse que Encarna Deus, Ama com uma paixão sem romance; ama em espírito, a tal ponto que Nietzsche disse ter lido os Evangelhos e não ter encontrado alma humana em Jesus, posto que buscasse também a projeção do humano, conforme ele, Nietzsche, entendia o homem a partir de si mesmo...; e, por tal olhar, ele não encontrou em Jesus o que julgasse que seria uma alma, ou seja: a passionalidade e a parcialidade do amor conforme nos humanos.

Entretanto, até mesmo olhando para o Jesus da História, não se encontra Deus, mas a beleza do Homem, do Filho do Homem.

É a revelação direta do próprio Deus ao coração humano, de modo a não ser explicado, o que pode trazer-nos ao entendimento que transcende as lógicas, e, assim, gerar a certeza de que Deus estava em Cristo.

Sim, somente assim Jesus vai além do Filho do Homem e chega a ser para o homem o Filho de Deus, na perspectiva de que o Pai e o Filho são Um.

Entretanto, crer no Filho do Homem, segundo Jesus, põe aquele que assim veja a Jesus [...] no Caminho de abraçar o amor de Deus no amor que devote aos humanos, e que fará aquele que assim haja na vida um dia ouvir: “Entre, bendito do meu Pai, pois tive fome e me deste de comer”...

Nesse caso, a imanência de Deus no Filho do Homem leva o homem a transcender na pratica da imanência do amor do homem pelo homem, na vida.

Quando, porém, se discerne Deus em Cristo, se transcende num nível de consciência e deliberação lúcida que gera intimidade relacional com Deus.

Assim, sem humanidade de Encarnação, é impossível aos humanos discernirem qualquer coisa do amor de Deus na perspectiva de que Deus é Amor.

Sim, pois mesmo na Antiga Aliança, a ênfase não era no amor de Deus, mas sim na Sua Justiça e Verdade.

É em Cristo Jesus que Deus é Amor, e tudo mais decorre desse Amor!

É também no mistério da fusão de Deus no Filho do Homem e no Filho de Deus, que Deus é amor para nós, e sem lugar para a idolatria, por mais próximo do humano que tal fato faça Deus se tornar.

É a revelação da Absoluta Singularidade de Jesus o que acaba com a idolatria.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Quando a Vida se torna Mecânica


No livro “O Mágico de Oz” há quatro personagens: a menina Dorothy, o espantalho, o homem de lata e o leão covarde, eles estão em busca de algo, por isso precisam cumprir uma missão, para conquistar aquilo que tanto almejam, e nessa trajetória eles compreendem que quem determina o nosso destino são as nossas próprias escolhas.

Dorothy vive com seu tio Henry e sua tia Emily em uma fazenda no Kansas, que um dia foi alvo de um tornado. A casa é transportada pelo ciclone para um mundo mágico, onde Dorothy e seu cãozinho Totó são recepcionados pela Bruxa boa do Norte e pelos cidadãos de Oz. 
Ela se aventura pelo colorido e novo mundo que acaba de descobrir. Tentando voltar para casa conhece pelo caminho um espantalho, um leão e um homem de lata, os quatro se unem, para encontrar o mágico de Oz, que poderá realizar os seus mais íntimos desejos.

Dorothy é uma menina valente que se torna líder do complexo grupo de viajantes;
O Espantalho é um boneco feito de palha, o qual acredita que não tem cérebro;
O Homem de Lata é um lenhador que acredita não poder mais amar;
O Leão é um covarde que precisa superar seus medos;

  As limitações dos personagens supracitados foram produzidas por suas próprias crenças, e por isso eles precisam passar por um processo de superação, e para isso cada deles precisa se redescobrir e superar sua própria limitação; o espantalho é o mais inteligente, tem ideias fantásticas, mas acredita que não pode pensar já o lenhador é alguém sensível, cujas emoções afloram toda vez que algo acontece, contudo ele conjectura que não tem coração, e o leão é um animal corajoso que enfrenta os animais da floresta, mas pensa que é covarde.      

De acordo com a Etiologia das emoções quanto menos maturidade tem uma pessoa, mais transferência ela tende a fazer, e por isso é preciso desconstruir os paradigmas que petrificam o fluxo emocional, e bloqueiam os sentimentos.
É a maturidade emocional das pessoas que determina a forma como elas interpretam a realidade: o espantalho, o lenhador, e o leão tinham uma cosmovisão pessimista da vida, já a menina Dorothy era puro otimismo.

O lenhador se apaixonou por uma moça que vivia com uma velha egoísta, cujo desejo era que ela não se casasse com ninguém, pois queria que ficasse cozinhando para ela e tomando conta de sua casa. Essa velha faz de tudo para persuadir a mocinha a não se casar com o lenhador, entretanto ao não conseguir que ela mude de ideia, a velha vai até uma bruxa pedir um feitiço que impeça o casamento dos dois, a bruxa enfeitiça o machado do lenhador, e toda vez que ele o utiliza, o machado decapita parte de seu corpo, e por fim o machado destrói os sentimentos do lenhador pela moça.  

Conheci famílias que se dividiram, por os pais não aceitaram as escolhas de seus filhos, não seria isso a síndrome do machado enfeitiçado que produz infelicidade, e desamor.

O homem de carne e osso foi reconstruído todo de lata, e perdeu a capacidade de amar, de sentir, de se apaixonar, sua vida se tornou mecânica, e todo homem de lata não pensa nas consequências de suas ações, se suas palavras machucam, se seus casos extraconjugais vão ferir sua esposa (o), ele apenas pensa em si.

Quando Dorothy encontrou o homem de lata já fazia um ano que ele não conseguia se mexer, pois estava enferrujado, talvez já faça algum tempo que a vida para você perdeu o sentido, que você não consegue mais amar com a mesma intensidade, e por isso você vive de aparências, você sorri mais o teu coração tá doendo.

O machado dilacerou os teus sonhos, esmigalhou a sua história, tirou o sorriso do teu rosto, te fez perde aquilo que você mais amava. A ferrugem penetrou em teu coração ao ponto de torna-lo uma pessoa de lata.

Mas é tempo de recomeçar, de sentir o óleo do céu descendo como um balsamo para lubrificar tuas juntas, e devolver teu sorriso, e te encher de paz.    

quinta-feira, 2 de agosto de 2012


O CRISTO ANTES DO JESUS HISTÓRICO!


Quando Jesus disse: “Abraão viu os meus dias e regozijou-se”, o que imediatamente se pensa é em uma visão de natureza profética, completamente subjetiva, dada a Abraão.

Já quando Jesus diz: “Antes que Abraão existisse, eu sou”, se imagina apenas a afirmação da pré-existência divina de Jesus em relação a Abraão.


Ficamos, todavia, em razão das amarras teológicas sem mística e sem a simplicidade apresentada na Bíblia, impossibilitados de simplesmente aceitarmos o que sobejamente se diz nas Escrituras; ou seja: que nelas não apenas há o que a respeito de Jesus constava como profecia, mas, também, como manifestação do Cristo anterior ao Jesus da História; o qual, fartamente, se manifestou aos homens; e que, no ambiente das Escrituras bíblicas do chamado Velho Testamento, faz inúmeras inserções soberanas de Si mesmo antes da Encarnação de Deus em Jesus.

Todas as vezes que aparece o Anjo do Senhor  esse ente Santo, supra-angelical, que evoca para Si mesmo prerrogativas divinas e que aceita adoração humana, se está falando do Cristo antes de Jesus

Ora, esse Anjo do Senhor pervade as pagina das narrativas bíblicas sem pudor ou salvo resguardo algum. Na existência histórica de Abraão, por exemplo, Ele aparece sem pedir salvo conduto. Simplesmente chega, é visto, é adorado, é tratado como Deus; e como Deus/Senhor fala sem qualquer reserva.

No restante da história de Israel o mesmo acontece em diversas ocasiões, embora não seja meu objetivo discorrer sobre tais ocasiões aqui. O que me interessa, no entanto, é esse Cristo antes de Jesus na História humana.

A Teologia mais crente vai bem até aí em relação ao que estou afirmando, mas impõe limites; e, os tais limites são o pacto de Deus com Israel; ou seja: Cristo teria se manifestado antes de Jesus, mas apenas na História de Israel; sendo Israel, portanto, uma fronteira para Deus em Cristo antes de Jesus.

Eu, todavia, como creio na Liberdade Absoluta de Deus, e não o vejo preso nem a Israel e nem a Abraão; posto que aquele Melquizedeque, sacerdote do Deus Altíssimo, que aparece do nada a Abraão, e que é interpretado pelo escritor dos salmos e do da carta aos Hebreus como sendo claramente uma figura Crística, não aparenta carregar umbilicalidades de nenhuma natureza com Abraão ou com qualquer outro.

Na realidade o Anjo do Senhor, o Cristo antes de Jesus, sempre se manifestou aos humanos; de tal modo que nem mesmo no mundo inteiro — como diria João — caberiam as narrativas de tais acontecimentos.

De fato, o amor de Deus pelo mundo não tem nenhuma fronteira em Israel; não teve nem mesmo nos dias do Jesus Histórico; e, portanto, não teria no Cristo antes de Jesus.
Este mundo de humanos tem sido objeto da revelação do Cristo Eterno desde sempre; e nunca deixou e nem jamais deixará de ser.

Jesus é a manifestação encarnada Dele entre nós; é o testemunho explicito Dele a ser dado a todos os homens; mas não é o limite da Sua manifestação livre; afinal trata-se do Cristo antes de Jesus; mas Jesus é o Cristo; sendo por isto Jesus Cristo; não uma emanação budista de um dos Budas; mas o único Cristo de Deus, o único Cordeiro de Deus; o mesmo que também foi imolado antes de haver História; ou, como afirmam as Escrituras, antes dos tempos eternos, ou antes da fundação do mundo; ou, como diz Miqueias: “desde os dias da eternidade”.

Sua única manifestação Crística encarnada, todavia com nascimento, morte e ressurreição, aconteceu em Jesus, e em Jesus somente.

Porém, Sua manifestação na História é aquela que nunca faltou em nenhuma fase da História Humana, bem como em nenhuma manifestação do que quer que seja sequencia de existência de qualquer mundo, criação ou dimensão cósmica ou multi-cósmica.

Ele não é apenas “o Cristo de todos os caminhos”, mas também o Cristo de todos os mundos, camadas de existência ou dimensões!

O que na Bíblia se chama de “Ordem de Melquizedeque”, é apenas uma designação para determinar o Cristo Eternamente Deus/Livre de toda circunstancia humana, racial, étnica, histórica, social ou religiosa, além de claramente colocá-Lo no plano das multidimensionalidades em Suas revelações graciosas, soberanas e salvadoras.

Abraão viu os Seus dias e regozijou-se!... E pergunto: E quantos mais também não o viram ou o têm visto e se regozijado?

O Cristo a nós revelado é obvio em todas as camadas de existência da Criação em todas as suas dimensões!  provavelmente exceto para nós!

Ele é o Senhor, o Salvador e o Deus de toda Criação; e é triste que a Religião pretenda Dele fazer um deus seitificado, religiogizado, não apenas manifestado na História, mas preso aos acontecimentos da cronologia de dois mil anos atrás; em cuja ocasião Ele se deu a conhecer na linearidade do tempo/espaço, como a revelação do Mistério antes a nós oculto; mas já agora revelado de modo não sequencial a muitos, se não, a todas as formas de criatura e criação.

Esse Anjo/Cristo/Deus que se encarnou em Jesus, é o Deus de todos, mesmo antes do menino Jesus torná-Lo um fenômeno de fraqueza em morte no tempo/espaço.

Em Jesus o Cristo entra na História da mortalidade e dos limites absolutos; na História da Tentação; na História da Morte; na História da Ressurreição; na História da Humilhação e da Gloria como vitória sobre a dor, a fraqueza, o sofrimento experiencial e o andar em carne de mortalidade.

Ele, porém, nunca negou Quem fosse; e disse aos que tinham em Abraão a suprema referencia do seu parentesco com Deus em fé: “Antes que Abraão existisse, Eu Sou!”.